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Seca no Paraná: mudanças climáticas devem tornar eventos extremos mais frequentes em Curitiba (Foto: Franklin de Freitas)

O Bem Paraná dá sequência à publicação de uma série de reportagens temáticas, nas quais os candidatos a prefeito de Curitiba expõem suas opiniões e propostas. E o tema da vez são as Mudanças Climáticas, com os políticos explicando de que forma ajudariam a Capital a se adaptar aos “novos tempos”.

Segundo estudos oficiais, coordenados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), é provável que o município observe nos próximos tempos um crescimento dos impactos das mudanças climáticas. Com isso, eventos climáticos extremos, como ondas de calor, chuvas intensas e secas, devem se tornar mais frequentes nos próximos anos ou décadas .

O aquecimento de Curitiba, por exemplo, já é uma realidade. A cidade, que já foi considerada uma das mais frias do Brasil, já estava 1,2ºC mais quente em 2019 (com temperatura média de 17,3ºC) do que seis décadas antes. Até 2099, o valor da temperatura média anual da cidade pode chegar a 26,1ºC, com os recordes de temperatura máxima ultrapassando a marca dos 40ºC até o fim do século.

Os dados oficiais apontam ainda que a Capital passará a vivenciar períodos com chuva muito acima da média e por dias consecutivos, além de apresentar uma forte tendência de estiagem, com a observação de dias seguidos de seca. E tudo isso refletiria em possíveis enchentes e alagamentos pela cidade, enquanto os períodos de estiagem poderiam impactar o abastecimento da cidade.

Quais são, então, as soluções dos candidatos a prefeito de Curitiba para a cidade lidar com as mudanças climáticas?

Confira as respostas de cada candidato a prefeito de Curitiba

Pergunta apresentada aos candidatos:

No final de abril de 2024 o estado do Rio Grande do Sul sofreu com chuvas, enchentes e enxurradas. No caso de Curitiba, há estudos da própria Prefeitura (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Ippuc) que apontam como, ao longo das próximas décadas, a Capital deve passar a conviver com fenômenos climáticos extremos (com chuvas intensas e secas mais frequentes, além da elevação da temperatura média do município). Quais as propostas para ajudar o município nessa adaptação a uma nova realidade ambiental?

Quais as propostas para Curitiba se adaptar às Mudanças Climáticas?

Samuel de Mattos (PSTU)

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Samuel de Mattos: em nome do lucro, estaríamos perto de chegar num ponto irreversível das mudanças climáticas (Foto: Franklin de Freitas)

Estamos perto de chegar a um ponto irreversível, onde não será mais possível conter os eventos climáticos. Esta destruição desenfreada da natureza é o resultado da ganância do capitalismo. Poluem-se os rios, destroem-se a vegetação nativa, realizam-se queimadas e outras ações que colocam a continuidade da nossa espécie em risco. E tudo isso em nome do lucro.

Em Curitiba, apesar de toda a propaganda, há muito o que se fazer. Existe uma discussão central para combater, de fato, os efeitos dessa destruição da natureza: a mudança da matriz energética. O problema é que isso necessita de muito investimento, e agora os grandes empresários, os bilionários, os mesmos que levaram vantagem com essa destruição, não querem investir de forma significativa nessa mudança. E os governos também não adotam medidas concretas que sejam capazes de resolver a situação.

São realizadas apenas medidas paliativas.

Para se ter uma ideia, em Curitiba temos 2.509 rios e córregos, e a grande maioria tem sua água classificada como “ruim” ou “péssima”, segundo o Índice de Qualidade da Água. Também é visível a destruição da mata ciliar dos rios.

Nós vamos realizar um plano para a recuperação dos rios e matas ciliares, agilizar a renovação completa da frota de ônibus elétricos, assim como a construção do metrô. Também vamos aumentar a fiscalização para punir quem degrada o meio ambiente. Além disso, vamos investir na mudança para uma matriz energética sustentável e aumentar o investimento em prevenção.”

Roberto Requião (Mobiliza)

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Roberto Requião: criação de novos parques e áreas verdes, gestão eficiente de resíduos sólidos e campanhas de educação ambiental (Foto: Franklin de Freitas)

Para ajudar Curitiba a se adaptar à nova realidade ambiental, é essencial que a prefeitura implemente medidas robustas de contenção de enchentes, principalmente através da criação de novos parques e áreas verdes que sirvam tanto como áreas de lazer quanto como barreiras naturais contra inundações. Além disso, a conservação e recuperação de áreas verdes urbanas e naturais devem ser priorizadas para preservar a biodiversidade local e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. A gestão eficiente de resíduos sólidos também deve ser uma prioridade, promovendo a reciclagem, compostagem e a redução de resíduos, enquanto campanhas de educação ambiental nas escolas e comunidades devem ser intensificadas para conscientizar a população sobre a importância da sustentabilidade e da coleta seletiva.

Professora Andrea Caldas (PSOL)

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Professora Andrea Caldas: foco na construção de uma cidade resiliente e sustentável (Foto: Franklin de Freitas)

“Nosso Programa de Governo está comprometido em construir uma cidade resiliente e sustentável, com foco em três frentes principais: infraestrutura verde, gestão de recursos hídricos e educação ambiental.

  1. Infraestrutura Verde:
    Expandir e revitalizar áreas verdes em toda a cidade, com a implementação de parques, jardins de chuva e corredores ecológicos reduzindo o risco de enchentes, melhorar a qualidade do ar e aumentar a cobertura vegetal da cidade.
  2. Gestão de Recursos Hídricos:
    A gestão eficiente dos recursos hídricos será central em nossa estratégia. Planejamos investir em sistemas de captação e reutilização da água da chuva, bem como na modernização da infraestrutura de drenagem urbana. E implementar programas de monitoramento e alerta precoce para chuvas intensas para evitar tragédias.
  3. Educação Ambiental e Participação Comunitária:
    A conscientização da população sobre os desafios climáticos é essencial. Vamos fortalecer os programas de educação ambiental nas escolas e comunidades, incentivando práticas sustentáveis, como o uso racional da água e a redução de resíduos. Também promoveremos a participação ativa dos cidadãos na elaboração e execução de políticas ambientais, garantindo que as soluções reflitam as necessidades de todas as regiões da cidade.

Essas ações são fundamentais para garantir que Curitiba não apenas enfrente as adversidades do clima, mas se adapte e se desenvolva de forma sustentável, preservando a qualidade de vida para todos.”

Ney Leprevost (União)

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Ney Leprevost: tragédia no RS serve de alerta aos gestores públicos (Foto: Franklin de Freitas)

A lição aprendida com os alagamentos enfrentados pelos gaúchos volta os olhos dos gestores públicos para a necessidade de investimentos em prevenção a enchentes e alagamentos.

A aplicação do conceito de Cidade Esponja norteará uma série de ações preventivas, visando a redução dos riscos de inundação ao oferecer espaços mais permeáveis para retenção e percolação natural da água e a redução da sobrecarga dos sistemas tradicionais de drenagem, o que garantiria uma maior autossuficiência hídrica na cidade e uma melhoria da qualidade da água disponível para fins de extração em aquíferos em áreas urbanas e periurbanas.

A gestão incentivará, com investimentos diretos ou por meio de convênios, a utilização de revestimentos permeáveis e porosos, garantindo superfícies de drenagem que possibilitam a penetração, armazenamento e infiltração de parte ou de toda a água do escoamento em superfície em uma camada de depósito temporário no solo.

Incentivaremos a partir do exemplo a instalação de tetos verdes, jardins de chuva, valas de infiltração e bueiros ecológicos equipados com cestos coletores, impedindo que resíduos ingressem nas galerias pluviais subterrâneas.

A tecnologia será utilizada a favor da prevenção de enchentes e alagamentos e ações autônomas de diminuição de resíduos nos rios da cidade serão recompensados, aumentando a participação direta da população na despoluição de Curitiba.

Para completar, criaremos novos parques na cidade, com preferência para espaços que possamos ter lagos.”

Maria Victoria (PP)

DEBATE DOS CANDIDATOS A  PREFEITURA DE CURITIBA
DEBATE NA BAND
Maria Victoria promete criar o Programa de Combate a Eventos Climáticos Extremos (Foto: Franklin de Freitas)

“O impacto das mudanças climáticas deve estar no centro da discussão das políticas e o que aconteceu com nossos irmãos gaúchos reforçou isso. Venho atuando em legislações em prol do meio-ambiente, como a Política Estadual do Hidrogênio Renovável, o Incentivo à Economia Circular e a criação do Mercado de Carbono, todas politicas relacionadas com o enfrentamento às mudanças climáticas.

Curitiba é um case internacional em sustentabilidade, mas vamos dar um passo adiante: estimular a infraestrutura verde com pavimentos e calçadas permeáveis nas obras e corredores verdes ao longo dos rios. Com o Programa de Combate a Eventos Climáticos Extremos, englobaremos uma série de investimentos em estrutura governamental e de capacitação das comunidades para promover ações de mitigação e adaptação climática.

Instalaremos Jardins Filtrantes nos nossos rios e parques urbanos, uma solução inovadora que utiliza plantas para despoluir águas de rios, lagos e córregos urbanos. As plantas limpam e auxiliam na absorção da água das chuvas. É a natureza nos ajudando a manter o planeta sustentável!

Ainda para essa nova realidade, nossa Cidade Industrial terá um Cluster Sustentável. Um parque tecnológico focado em inovação, transição energética, economia circular e descarbonização. Isso vai incentivar a instalação de empresas/indústrias focadas em desenvolvimento de tecnologia verde, gerando empregos e renda com alto valor agregado.”

Luizão Goulart (Solidariedade)

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Luizão Goulart: experiência como prefeito de Pinhais pode ajudar Curitiba a lidar com as mudanças climáticas (Foto: Franklin de Freitas)

“Quando falamos de enchentes e alagamentos, tenho uma vasta experiência, pois o município no qual fui prefeito, Pinhais, sofria extremamente quando chovia, especialmente por ser uma cidade na qual desaguam três importantes rios. Resolvemos essa situação com muito trabalho e planejamento. A começar pela limpeza constante dos rios, até a criação de parques lineares que ajudam o resfriamento da cidade e contenção das águas.

Outra solução moderna que funciona lá e queremos aplicar aqui, são as calçadas porosas, que são ecológicas, acessíveis e absorvem a água. Além da contenção, devemos trabalhar na prevenção, desde pensar uma política de habitação a longo prazo até medidas que incentivem a redução da emissão de poluentes.

Em Curitiba, quero priorizar no primeiro ano de gestão, a limpeza dos principais rios que cortam Curitiba. Visando fazer de Curitiba uma cidade que contribui com a contenção do aquecimento global, vamos resolver o problema do aterro sanitário, com projeto de médio prazo através do consórcio intermunicipal. Contamos também com uma ampliação da reciclagem e da compostagem, a implantação de corredores verdes com vias para caminhada e criação de novas ciclovia.”

Luciano Ducci (PSB)

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Luciano Ducci fala na necessidade de “uma mudança de comportamento da gestão pública (Foto: Franklin de Freitas)

“As consequências das mudanças climáticas já fazem parte da realidade das grandes cidades e é uma preocupação grande que temos. Aqui, é preciso uma mudança de comportamento da gestão pública. É preciso reservar as nossas ruas arborizadas e ampliar as áreas não-impermeabilizadas, ao invés de acabar com elas. É necessário investir na limpeza dos rios e na realocação de pessoas que moram às margens deles. Para além disso, queremos que o curitibano seja um Biocidadão. Que pratique o melhor comportamento para o meio ambiente porque tem consciência, porque quer uma cidade cada vez mais linda. Vamos incentivar a adoção de energia limpa nas construções, substituir a matriz energética dos ônibus, trabalhar com créditos de carbono, jardins de chuva. São vários os conceitos que cabem bem a Curitiba e que, tenho certeza, terão a adesão dos curitibanos.”

Felipe Bombardelli (PCO)

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Felipe Bombardelli denuncia que discurso ecológico serviria para barrar o desenvolvimento de países periféricos (Foto: Divulgação/TSE)

“As medidas ambientais adotadas pelo sistema são, em grande parte, demagógicas, e o objetivo principal delas não é a proteção do meio ambiente, mas sim criar barreiras para controlar a produção dos países atrasados, principalmente. Tanto que, no Brasil, utiliza-se o argumento ambiental para barrar a Petrobras de explorar petróleo na margem equatorial, o que seria um meio importante de elevar a economia brasileira e melhorar a qualidade de vida da população. Enquanto isso, empresas estrangeiras já estão explorando petróleo em áreas próximas às Guianas; por conta do discurso ecológico, o Brasil é impedido de utilizar seu petróleo, um claro caso de sabotagem do desenvolvimento brasileiro.

Podemos citar os danos ambientais causados pelas guerras, que não são denunciados nem considerados catástrofes ambientais. Imaginem só o tamanho do dano ambiental e, claro, humano na guerra da Ucrânia contra a Rússia, no Iraque, no Afeganistão, no Vietnã, e agora na guerra de “Israel” contra a Palestina, entre tantas outras. Certamente, as guerras são bastante danosas ao meio ambiente, mas isso não é mencionado. Os países imperialistas, responsáveis por tantos danos, estão mais preocupados em barrar o desenvolvimento de outros do que em deixar de contribuir com a verdadeira destruição do planeta.”

Eduardo Pimentel (PSD)

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Eduardo Pimentel: continuidade da criação da Reserva Hídrica do Futuro, recuperação do Rio Belém e expansão das áreas verdes em Curitiba (Foto: Franklin de Freitas)

“Nosso plano de governo apresenta várias propostas para a área de sustentabilidade ambiental dentro do eixo Curitiba Inovadora e Sustentável. Entre elas está a continuidade da criação da Reserva Hídrica do Futuro de Curitiba, ao longo do Rio Iguaçu, que está sendo implantada numa extensão de 26 quilômetros (corredor ambiental) entre o Rio Barigui e o Rio Atuba e prevê a mitigação de cheias e a reservação de água para o abastecimento emergencial. A ação também prevê uma nova regulamentação dos parâmetros construtivos da região, no âmbito do zoneamento e do Plano Diretor.

Outra proposta é a mitigação de cheias na bacia do Rio Belém e recuperação ambiental do rio, na Bacia do Rio Belém, numa extensão de 7 km (trecho entre Linha Verde e Rio Iguaçu), promovendo a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Ação vinculada ao Projeto de Requalificação Ecodistrito Belém, já em andamento e coordenado pelo Ippuc.

Também serão criados oito novos parques buscando ampliar as áreas verdes do município e o percentual de área verde por habitante.

Além disso, serão implantadas três florestas urbanas para buscar reduzir o efeito de “ilhas de calor urbano”, melhoria da qualidade do ar, e controle de alagamentos, sendo mais uma estratégia na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

Será ampliado o plantio das 100 Mil Árvores para 125 Mil Árvores por ano em Curitiba.”

Cristina Graeml (PMB)

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Cristina Graeml quer criar um Plano Municipal de Resiliência Climática e investir num novo modal para o transporte público (Foto: Franklin de Freitas)

Curitiba precisa enfrentar os desafios de preservação do Meio Ambiente. Nosso plano de governo está comprometido em manter áreas verdes preservadas e adaptar a cidade para reduzir a poluição.

O plano propõe um conjunto de ações integradas que envolvem sustentabilidade, inovação tecnológica e participação comunitária. Entre as ações está a criação de um Plano Municipal de Resiliência Climática, que irá mapear áreas de risco e desenvolver estratégias para mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos. Isso inclui a despoluição de rios, a modernização da infraestrutura de drenagem para prevenir enchentes e alagamentos, além de ações de reflorestamento urbano para reduzir o efeito de ilhas de calor.

Também estamos propondo a ampliação de programas de agricultura urbana e hortas comunitárias, que melhoram a segurança alimentar e aumentam a cobertura verde da cidade.

Investiremos em educação ambiental e campanhas de conscientização, focando na sustentabilidade e no consumo consciente. O uso de transporte público será incentivado, a partir do investimento em um novo modal ainda a ser definido (VLT ou monotrilho). A população será convidada a usar bicicletas e veículos elétricos.

Por fim, estaremos propondo parcerias público-privadas para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, como sistemas de monitoramento meteorológico e infraestrutura inteligente para gestão de recursos hídricos.”