O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desistiu de viajar a Itajaí, em Santa Catarina (SC), neste final de semana. A assessoria da Presidência não confirma, mas a suspensão da visita coincide com a realização de um encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Javier Milei, presidente da Argentina, em uma cidade vizinha.

Ao Estadão, líderes do PT em Santa Catarina alegam que a proximidade geográfica entre as agendas de Lula e de Jair Bolsonaro poderia acarretar em hostilidades ao presidente. Além disso, Lula desistiu de uma agenda em Goiás, estado governado por Ronaldo Caiado (União Brasil).

O chefe do Executivo federal está intensificando suas viagens em razão de um prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral: a partir de 6 de julho os agentes públicos que desejam disputar as eleições municipais estão vedados de participar da inauguração de obras. Para ajudar seus aliados a tempo da vedação, Lula aumentou o ritmo de suas visitas a Estados do País.

Enquanto deixa de visitar redutos por temer hostilidades, alguns Estados são frequentes na agenda da Presidência. Como mostrou o Estadão, durante o primeiro semestre de 2023, a região favorita nas viagens de Lula foi a Nordeste. Locais como Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo concentraram compromissos do presidente.

Por outro lado, no período analisado, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul, por exemplo, não receberam nenhuma agenda presidencial.

O critério corresponde aos redutos em que Lula, como candidato em 2022,teve desempenho pior nas urnas do que o então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro. O petista venceu Bolsonaro por 50,9% a 49,1% dos votos válidos no total do eleitorado, mas os desempenhos variaram em cada Estado do País.

Em Goiás, por exemplo, o candidato do PL ficou com 58,7% dos votos válidos, enquanto em Santa Catarina o desempenho do rival de Lula foi superior ao patamar de 69% dos votos válidos.

‘Cúpula da direita’ afasta agenda de Lula

O evento que afastou Lula de Santa Catarina foi uma “versão brasileira” do Conservative Political Action Conference (CPAC), uma cúpula com líderes políticos conservadores. Bolsonaro e Milei serão atrações principais da conferência, que vai acontecer neste fim de semana em Balneário Camboriú. O evento também vai reunir parlamentares que integram o núcleo duro do bolsonarismo no Congresso, além de José Antonio Kast, líder da extrema direita no Chile.

Não está previsto um encontro bilateral entre Milei e Lula durante a estada do argentino no Brasil. O procedimento não é praxe no mundo diplomático, mas Lula e Milei trocaram declarações públicas pouco amistosas nos últimos dias.

Lula disse que o argentino deveria se desculpar por ter dito “muita bobagem” sobre ele e o Brasil durante a campanha eleitoral no ano passado. Em resposta, Milei afirmou que considera Lula “corrupto” e “comunista”.