Vereador mais jovem de Curitiba tem Deltan e Nikolas como ídolos e coloca Educação como prioridade

Eleito com quase 17 mil votos, sendo o 2º mais votado para a Câmara Municipal, jovem já trabalha pensando em seu mandato, que se inicia em janeiro. Conheça a sua história

Rodolfo Luis Kowalski
GUILHERME KILTER

Guilherme Kilter (Novo) foi o segundo candidato a vereador mais votado em Curitiba e se tornará o quarto parlamentar mais jovem da história da cidade (Foto: Franklin de Freitas)

A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) passará por uma grande renovação a partir do próximo ano. No dia 6 de outubro, quando ocorreu o primeiro turno da eleição municipal, os curitibanos decidiram mudar mais da metade dos vereadores, elegendo 20 caras novas para ocupar as 38 cadeiras do parlamento. E a mais nova dessas caras será a de Guilherme Kilter (Novo), que aos 22 anos de idade foi eleito o mais jovem vereador da próxima legislatura (2025-2028), consagrando-se ainda o quarto parlamentar mais jovem da história de Curitiba. Um feito que fica ainda mais impressionante quando considerado que ele foi o 2º candidato mais votado na disputa pela vereança, com 16.664 votos no último pleito.

Na tarde de ontem (21 de outubro), então, o jovem curitibano, que tomará posse como vereador em 1º de janeiro, esteve na redação do Bem Paraná para uma entrevista. No bate-papo, contou mais sobre sua trajetória pessoal e política e o trabalho que pretende realizar no parlamento. Um trabalho, inclusive, que já teve início no dia seguinte à eleição, quando ele já começou a entrar em contato com todos os futuros colegas, e que continua agora com as negociações para a definição da composição das comissões da Câmara.

“Desde o primeiro dia, na segunda-feira após o primeiro turno, eu já peguei os números dos telefones de todo mundo e fui ligando, porque tem muito esse paradigma de ser um vereador muito novo, que veio da internet, quer lacrar. Então já quis afastar isso de cara para mostrar que a gente vai fazer um trabalho sério, com diálogo, falar com todo mundo, não só a lacração da internet”, afirma o parlamentar eleito, revelando que sua principal bandeira como vereador será a da Educação.

“Eu fui puxado para essa causa no ano passado, após participar da Conferência Nacional de Educação e viralizar nas redes sociais, após postar tudo que estava acontecendo e postar, mostrando um espetáculo ideológico sem nenhuma discussão técnica. E ano que vem a Câmara vai participar da elaboração do Plano Municipal de Educação e eu quero atuar forte na Comissão de Educação pra ficar em cima disso, para fiscalizar essa pauta e pra não deixar que, de fato, se abram brechas na educação das nossas crianças para que entre ideologia, entre partidarismo”, emenda Kilter.

Guilherme Kilter: “Ano que vem a Câmara vai participar da elaboração do Plano Municipal de Educação e eu quero atuar forte na Comissão de Educação pra ficar em cima disso” (Foto: Franklin de Freitas)

Um paulistano com coração curitibano

Guilherme Kilter nasceu em São Paulo (SP), mas é um curitibano de criação. Mudou-se com a família para a cidade quando tinha apenas três anos de idade, após seu tio, o pastor Paschoal Piragine, ser convidado para assumir a Primeira Igreja Batista de Curitiba. “Ele veio com minha tia, Cleusa, e os filhos, o Michel e a Kelly. E a gente veio uns anos depois, porque a família toda estava aqui, era uma cidade mais segura, e meus pais não queriam criar os filhos em São Paulo, então acabaram optando em vir para cá. E a gente se apaixonou por aqui. A melhor cidade para se morar no Brasil é Curitiba”, diz o jovem.

Na Capital, estudou por anos no Colégio Dom Bosco e depois foi para a UniCuritiba, onde cursou Relações Internacionais. Foi na faculdade, inclusive, que o seu interesse pela política começou a despertar. “Com uns 17, 18 anos, eu já começava a ver as coisas que estava acontecendo no Brasil: ministro do STF passando do ponto, Bolsonaro inelegível, Deltan sendo cassado… Eram coisas que me indignavam”, relata.

Durante a pandemia, em 2020, veio a ideia de começar a trabalhar mais com as redes sociais. Inicialmente, fazia conteúdo cristão, mas por vezes se posicionava sobre questões importantes para o país, especialmente quando eram questões políticas que acabavam, de alguma forma, entrando na esfera da religião. “Na caminha de 2022 o Lula fez muitas abordagens a evangélicos, então eu rebati muito disso, teve vários posicionamentos que tomei ali. E dali para frente eu passei a acompanhar mais de perto a política.”

A convite de um ídolo, nasce um político

Contudo, o ingresso de Kilter, de fato, na vida política ocorreu há pouco mais de um ano. Foi quando Deltan Dallagnol (Novo) acabou conhecendo o perfil do jovem curitibano no Instagram e resolveu entrar em contato, convidando-o para trabalhar com ele. “A minha história na política começa com o Deltan. Ele me chamou e eu comecei a trabalhar com ele. Trabalhei também com o Fábio Oliveira, que é deputado estadual aqui do Paraná, pelo Podemos. Então, fui com os dois tendo a minha entrada na política, muito aprendizado. Eles me pegaram pela mão mesmo, foram mostrando tudo, ensinando tudo, e me acordaram, me chamaram para entrar nisso”, conta o vereador.

O convite, explica ainda Kilter, faz parte de um plano que Deltan tem para tentar transformar o Brasil. A ideia é descobrir novas lideranças políticas país afora, para saírem candidatos a cargos no Legislativo e no Executivo municipal, estadual e federal. Desde o primeiro contato, inclusive, o ex-coordenador da Lava Jato vislumbrou que seu pupilo seria candidato a vereador, mas que depois poderia alçar outros voos. Algo que pode, inclusive, acabar ocorrendo em breve.

“Eu quero servir, faço política para servir. Para servir o curitibano, para servir o paranaense, o brasileiro de forma geral. Muita gente já me falou para sair [candidato a deputado] federal, tanto os meus eleitores quanto o pessoal que me acompanha nas redes sociais, apoiadores. Eu coloco isso como uma página em aberto, não digo nem que sim, nem que não. Tem muita água para correr debaixo da ponte. Mas vou trabalhar com o melhor que tenho à disposição para fazer a diferença hoje e trazer cada vez mais gente para a política”, assegura.

Os dois ídolos de Kilter e o apoio a Pimentel

As duas grandes referências de Guilherme Kilter na política são Deltan Dallagnol (Novo) e Nikolas Ferreira (PL). Segundo ele, porque os dois políticos são “cristãos de verdade, que têm uma vida na igreja local” e ainda compartilham dos mesmos princípios e ideias. Nos últimos tempos, inclusive, o jovem conseguiu estreitar alguns laços com o político mineiro. E se orgulha com a possibilidade de se tornar o ‘Nikolas do Paraná’. “Ele é uma referência muito grande. Quero cada vez mais estreitar os laços e trabalhar junto com ele.”

Já na eleição municipal, o parlamentar apoia a candidatura de Eduardo Pimentel (PSD). E isso decorre, segundo ele, não somente do fato de o Novo fazer parte da coligação partidária que dá suporte à candidatura de Pimentel. “Não sou nem um pouco alinhado com o Greca, a quem vejo como uma figura mais à esquerda. Mas quando eu sentei pra conversar com o Eduardo, ele se mostrou uma pessoa diferente, uma pessoa de direita, uma pessoa conservadora, que também tinha as mesmas críticas que eu tinha. Eu levei pra ele algumas pautas, de ideologia de gênero, bandeira LGBT e outras. Ele concordou com todas elas e falou ‘cara, se eu sou eleito, conta comigo que não vai ter nada disso’. Então foi um compromisso muito sério dele”, relata o político do Novo.

Outro ponto, explica ele, é que Eduardo Pimentel é ficha limpa e estaria cercado de pessoas que também são ficha limpa. Diferente do que ele vislumbra com Cristina Graeml (PMB), ainda que ela seja uma figura com quem o jovem diz simpatizar. “Apesar de eu gostar muito da Cristina, concordar com muitas pautas dela e ela em si ser ficha limpa, ela está cercada de bandido e de petista. E isso é um grande problema”, afirma ele, recordando que o candidato a vice de Cristina seria acusado na esfera criminal e condenado na esfera cível, enquanto o coordenador de campanha dela foi processado por enriquecimento ilícito e o presidente do PMB no Paraná acabou preso dias depois de lançar a candidatura do partido na Capital. “Não tem como a gente estar com um grupo desses. A gente defende o combate à corrupção em todas as esferas”, emenda o vereador.