Situação do apresentador Fausto Silva nos últimos dias chamou a atenção para a fila de espera (Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil)

O caso do apresentador Fausto Silva, internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, chamou a atenção do Brasil para o transplante de órgãos. Aos 73 anos, Faustão, como é conhecido, sofre de insuficiência cardíaca e aguarda por um transplante cardíaco. Na fila do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), contudo, há mais de 300 pessoas aguardando por um coração, sendo que o Paraná é o terceiro estado com mais pacientes na espera.

Segundo dados do Ministério da Saúde, atualizados na última quarta-feira (16 de agosto), em todo o país há 386 pessoas aguardando por um transplante de coração, sendo que só entre os paranaenses há 31 pacientes. Isso coloca o Paraná como a terceira unidade federativa com mais gente na lista de espera, atrás apenas de São Paulo (208) e Distrito Federal (41) e logo a frente de Minas Gerais (26) e Rio de Janeiro (23)

No Brasil, todos os transplantes de órgãos respeitam o SNT, sejam eles custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por planos de saúde ou pelo próprio paciente. Além disso, só ingressam na fila de espera aqueles que forem avaliados por uma equipe médica e se ele próprio ou sua família concordar. Além disso, a fila funciona por ordem cronológica de inscrição, mas outros fatores, como gravidade do caso e compatibilidade sanguínea e genética entre doador e receptor, também são avaliados.

No caso dos transplantes cardíacos, contudo, a fila de espera é bem menor do que para outros órgãos – no Brasil, há um total de 65.911 pessoas aguardando um transplante, com 36.960 pacientes à espera de um rim. Por outro lado, a situação daqueles à espera de um coração costuma ser mais delicada, por se tratar de um órgão essencial e que só pode ser doado a partir da morte cerebral de outra pessoa.

Ainda assim, nos últimos 10 anos um total de 2.836 corações foram transplantados no país, o que dá uma média de 284 transplantes cardíacos por ano. O Paraná foi responsável por 238 desses procedimentos (24 por ano, em média), ficando atrás apenas de São Paulo (864), Minas Gerais (439), Pernambuco (371) e Distrito Federal (258) no período analisado (2013 a 2022).

Fila por órgãos no estado tem quase 3,5 mil pessoas
Ainda segundo informações do Ministério da Saúde, o Paraná soma 3.499 pessoas aguardando por um transplante. A fila por aqui só não é maior do que a registrada em São Paulo (23.671), Minas Gerais (7.096) e Rio de Janeiro (6.138), sendo importante lembrar que em todo o país há 65.911 pacientes esperando para serem transplantados.

Considerando-se a lista de espera por modalidade, verifica-se que a fila no Paraná, a exemplo do que ocorre no restante do país, é formada principalmente por pacientes aguardando um transplante de rim (1.910 pacientes) ou de córnea (25). Além disso, 24 pessoas aguardando por um transplante simultâneo de pâncreas e rim, 20 esperam por um pulmão e há ainda um paciente necessitando de um pâncreas, além das 31 pessoas precisando de um coração

Por outro lado, nos últimos 10 anos (de 2013-2022) o estado registrou um total de 11.435 transplantes de órgãos, sendo 4.762 procedimentos de rim; 4.080 de córnea; 2.164 de fígado; 163 de pâncreas e rim, simultaneamente; 25 só de pâncreas; e 3 de pulmão — aos quais se somam, ainda, os 238 transplantes cardíacos feitos na última década.

Central de Transplantes
Estado é destaque nacional

O Paraná é destaque nacional quando o assunto é doação de órgãos e tecidos. De acordo com dados do último boletim da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Estado ficou em primeiro lugar nas doações efetivas de órgãos no primeiro trimestre deste ano, com a marca de 42,8 doações por milhão de população (pmp), seguido por Santa Catarina, com 42,5 pmp.

O Estado teve ainda, a menor taxa de recusa familiar para efetivação da doação de órgãos do Brasil, com 30%. A média nacional é de 45%.

De acordo com dados do Sistema Estadual de Transplantes, somente neste ano já foram realizados 383 transplantes no Paraná: coração (14), fígado (144), rim (224) e pâncreas/rim (1).

Para manter esta posição, a Secretaria estadual da Saúde (Sesa) realiza capacitações sobre o processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. O curso faz parte do programa de educação permanente do Serviço Estadual de Transplante (SET) e busca fortalecer as ações relacionadas a esses procedimentos. São abordados temas como a identificação do potencial doador, diagnóstico de morte encefálica, acolhimento e entrevista familiar.

Em Curitiba, a ação aconteceu nos dias 3 e 4 de agosto. Foi a segunda etapa do treinamento, que já ocorreu na Macrorregional Noroeste, 15ª Regional de Saúde de Maringá.