Após a vitória de 3 a 1 sobre o Ceará um assunto voltou à tona no Coritiba: o retorno ou não do atacante Alef Manga. Em tese, ele está disponível a partir do dia 25 de setembro, que é quando acaba a punição pelo envolvimento em um esquema de apostadores. Assim, ele poderia entrar no jogo contra o Goiás, no dia 27, sexta-feira. Mas não foi o que indicou o técnico Jorginho.
“Não tem condição nenhuma do Manga voltar contra o Goiás. Ele postou nas redes sociais a lei do ex. Esquece. Se eu faço isso, sou irresponsável com o meu grupo e com o próprio Manga, que vai se contundir”, disse Jorginho, em entrevista coletiva após a partida. “Eu não vou tomar uma decisão sozinho. Ele pode ser decisivo, mas agora não” continuou. “Ele ficou um ano parado. A gente tentou acelerar o processo, até porque não sabia como o grupo iria receber. Ele treinou em separado. No primeiro pique de 30 metros que ele der, acabou para ele”.
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Para Jorginho, o problema é até mais profundo: trata-se de uma questão de caráter. O treinador até expôs que Alef Manga precisa pedir desculpas públicas. “Antes de mais nada, o Manga precisa se desculpar pelo que aconteceu. Porque isso é desvio de caráter. É muito sério o que aconteceu com ele”, disse Jorginho. “Todos os jogadores sentem isso. Você imagina: ele volta e que os outros jogadores vão pensar? Será que ele pode tomar um cartão amarelo? É desvio de caráter. Então, ele precisa pedir desculpa ao grupo, ao clube e ao torcedor, principalmente ao torcedor”.
Jorginho relatou que teve uma conversa longa com Alef Manga. O treinador estava acompanhado pelo head esportivo William Thomas. “Eu já tive uma conversa muito séria com ele e vou ter de novo. O comportamento dele precisa ser exemplar”, declarou. “Não quero ver machucando ninguém, falando com ninguém. Não basta ser honesto, ele tem que demonstrar honestidade. É isso que quero do comportamento dele”, continuou. “Acompanhei o Manga ainda no Volta Redonda, sei do potencial dele. Mas no momento certo”.
O caso
Alef Manga foi suspenso por 360 dias, em 9 de agosto de 2023, por ter recebido um cartão amarelo no jogo do Coritiba contra o América-MG em Belo Horizonte, em 2022. O cartão seria um combinado com um esquema de apostadores. O caso dele e de outros jogadores na mesma situação foi investigado na Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público do Paraná. Eles foram julgados e punidos com suspensões que variavam de seis meses sem jogar a banimento do futebol. No caso de Manga, a suspensão seria de um ano.
Havia uma perspectiva expectativa que Alef Manga fosse liberado para voltar aos gramados no fim de janeiro, devido a uma ´possível reversão de pena dos jogadores envolvidos. Mas o Superior Tribunal de Justiça Desportiva cancelou as reversões de pena.
Queda-de-braço
Em 27 de junho, o advogado de Alef Manga, Jeffrey Chiquini, jogo lenha na fogueira ao acusar o diretor executivo do Coritiba, William Thomas, de não querer o atacante no clube. “A nação coxa-branca precisa saber da verdade: William Thomas não quer Alef Manga no Coritiba! No dia a dia no CT, o diretor executivo de futebol sequer olha e cumprimenta o jogador e, pelas costas da torcida, já está oferecendo o atleta no mercado”, diz o texto publicado no Instagram.
No mesmo dia, o então diretor técnico do Coritiba, Paulo Autuori, respondeu: “Refuto uma postagem do advogado do senhor Alef Manga, que em maio do ano passado renunciou ao caso por conta da obscuridade envolvida”, afirmou. “Ao torcedor do Coritiba, refletir se vamos estar do lado certo ou errado, se vamos abrir mão de princípios e valores morais com base em função de alguma possibilidade de ganho desportivo. Eu me posiciono de um lado e me recuso estar envolvido em um ambiente que não respeite a essa ideia”.
Dias depois, o então CEO do Coritiba, Carlos Amodeo, pediu demissão. O motivo teria sido a queda-de-braço entre as partes. Pouco depois o próprio Autuori deixou o clube. Thomas continua firme no cargo.
Último julgamento
No dia 28 de agosto, o STJD rejeitou o pedido de conversão da pena do atacante Alef Manga, do Coritiba. Sete auditores votaram contra a solicitação e apenas um a favor. Com isso, o jogador terá de cumprir integralmente a suspensão, ou seja, até 25 de setembro. Após a decisão do STJD, Alef Manga usou sua conta no Instagram para informar que rompeu com o advogado Jefrfey Chiquini.
