Os programas de governo apresentados pelos candidatos à prefeitura de Curitiba para as eleições de 2024 deixam a desejar quando se trata da segurança e do amparo aos professores e demais servidores da rede municipal de ensino. Diante dos diversos relatos de violência física e psicológica enfrentadas por esses profissionais em seu dia a dia, é lamentável que esse tema não tenha recebido a devida atenção nas propostas dos aspirantes ao cargo máximo da capital paranaense.

Os professores da rede municipal de Curitiba, muitas vezes, se veem em situações de extremo risco, tendo que lidar com episódios de agressão, ameaças e até mesmo confrontos físicos com estudantes e, em alguns casos, com pais/responsáveis. Essa realidade, infelizmente, se tornou corriqueira em diversas instituições de ensino da cidade e região, impactando diretamente na saúde mental e no bem-estar destes profissionais.

Apesar de ser uma problemática de amplo conhecimento, os planos de governo apresentados pelos candidatos à prefeitura de Curitiba em 2024 não trazem propostas concretas para enfrentar o cenário.

Não há, por exemplo, menção a ações de capacitação dos profissionais para lidar com situações de
conflito, nem mesmo a criação de protocolos de atendimento e apoio aos professores vítimas de algum tipo de violência.

Essa omissão é ainda mais preocupante quando se observa que os profissionais da educação municipal, em muitos casos, se sentem desamparados e sem o devido suporte jurídico e institucional para defesa.

Muitas vezes, ficam à mercê de agressões e ameaças, sem poder contar com a intervenção efetiva da administração pública municipal.

Essa situação impacta diretamente na qualidade do ensino e no clima organizacional das escolas. Professores temerosos e inseguros tendem a ter seu desempenho prejudicado, o que se reflete no aprendizado dos estudantes.

Além disso, a alta rotatividade de profissionais e desvio de função decorrente do estresse, da falta de segurança e outros fatores, compromete diretamente a continuidade e a eficácia dos projetos pedagógicos.

Para reverter esse cenário preocupante, seria imprescindível que os candidatos a prefeito de Curitiba incluísse em seus planos de governo propostas concretas em benefício dos profissionais da categoria. Por isso, deixo minha contribuição com algumas sugestões importantes que deveriam estar presentes não só no plano de governo, mas no imaginários dos candidatos:

 Criação de um programa de capacitação e treinamento para o enfrentamento de situações de conflito e violência nas escolas.
 Implementação de um serviço de apoio psicológico e jurídico aos profissionais que sofreram algum tipo de agressão ou ameaça no exercício de suas funções.
 Criação de protocolos de atendimento e encaminhamento de casos de violência, com a devida responsabilização dos agressores.
 Fortalecimento da parceria entre as escolas e as forças de segurança pública, visando uma atuação integrada e preventiva.
 Campanha de conscientização junto à comunidade escolar sobre a importância do respeito e da valorização dos profissionais da educação.

Destarte, a segurança dos professores e demais servidores da rede municipal de ensino de Curitiba deve ser uma prioridade na agenda dos candidatos à prefeitura. Ignorar essa problemática é negligenciar o bem-estar e a integridade daqueles que desempenham um papel fundamental na formação das crianças
e jovens da cidade.

É necessário que os planos de governo apresentem propostas concretas e efetivas para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável para esses profissionais da educação. Assim, será possível avançar na construção de uma educação pública de qualidade e inclusiva.

*Fabiano Ferreira é professor e Advogado Especialista em Direito Educacional Autor do livro “Manual jurídico do professor: saiba como se defender”