Futebol nos Jogos Pan-Americanos virou coisa de mulher. E não é joguinho qualquer. A seleção brasileira feminina de futebol briga nesta quinta-feira, ao meio dia, com os Estados Unidos pelo ouro da modalidade. O palco da disputa será o lendário e agora reformado Maracanã, que muito viu nos seus mais de 50 anos de existência, mas que nunca teve uma decisão feminina de Pan em seu gramado. Apesar do horário incomum para os padrões brasileiros, espera-se casa cheia, com mais de 40 mil pessoas. Marta e companhia prometem se doar até o último fôlego.

O futebol de saias, tão esquecido e abandonado no País, defende ainda o posto mais alto conquistado nos Jogos de Santo Domingo, quando foi ouro superando o Canadá na final. Se ganhar, será bicampeão pan-americano, e agora com gostinho de festejar com sua gente. Nesta quinta-feira, a decisão será diante de um time norte-americano formada por garotas de até 20 anos. Inexperiente ainda, mas que chegou aqui também superando bem seus rivais. Na semifinal, por exemplo, não deu a menor chance para o Canadá, um dos favoritos.

O treino da véspera da seleção nesta quarta foi substituído por uma leve movimentação dentro da Vila Pan-Americana, fechada aos jornalistas. O técnico Jorge Barcellos preferiu concentrar as meninas a trabalhar em campos encharcados, após dois dias de chuvas na cidade. “Também não há muito mais a fazer. A hora agora é de concentração e foco na decisão. As meninas sabem o quanto vale essa conquista, esse ouro, sobretudo porque elas estão em sua casa, o Brasil”, comentou o treinador.

A seleção local não terá modificação em relação ao time que suou para bater o México por 2 a 0 na semifinal. Foi o jogo mais duro para Barcellos e seu time. Na avaliação do técnico, houve excesso de brincadeiras e firulas quando o jogo ainda estava empatado. Ele avalia também que o time sofreu com a torcida porque a bola demorou a entrar. Acusou ainda algumas jogadoras de fazerem ‘sapato alto’, e diz ter chamado a atenção das comandadas. “Isso não vai acontecer de novo.”

A seleção brasileira chega à final sem sofrer gols. Sobrou na competição. Em algumas partidas, a goleira Andréia passou boa parta da disputa observando o time atacar. Quase não fez defesas Mas todo cuidado é pouco diante das americanas, uma das melhores escolas de futebol feminino do mundo.

Os EUA são os atuais campeões olímpicos, e merecem respeito. Ficaram com a medalha de ouro em Atenas justamente numa decisão diante das brasileiras: empataram por 1 a 1 no tempo normal e ganharam por 1 a 0 na prorrogação.

Essa equipe, porém, não é a mesma que está no Rio. As diferenças porém, não fazem do time visitante um franco atirador. Há boas jogadoras do lado de lá. “E nós já enfrentamos esse time sub-20 dos Estados Unidos. Foi no Mundial da Rússia, no ano passado. Empatamos novamente no tempo normal e perdemos nos pênaltis. Portanto, não será um jogo fácil. Temos de entrar ligados”, diz Barcellos. “Teremos então de ser objetivos e só depois de construir o placar poderemos jogar para a torcida.”