Maurren Maggi ganhou a medalha de ouro que deveria ter vindo há quatro anos, quando era ampla favorita para o Pan de Santo Domingo/2003, mas não competiu por causa de uma suspensão por resultado positivo em controle antidoping, nas vésperas dos Jogos. Nesta quarta, foi o dia da redenção de Maurren, que ganhou o ouro com um salto de 6,84 metros, em sua segunda tentativa. Keila Costa ficou com a medalha de prata, confirmando a anunciada dobradinha no pódio, com 6,73 metros. A medalha de bronze foi da cubana Yargeris Savigne, com 6,66 metros.

Maurren apontou para o público dizendo que dividia a medalha. Pegou a bandeira do Brasil e deu a volta olímpica na pista do Estádio João Havelange, sob aplausos.”A dobradinha em casa não poderia ser melhor. Depois de oito anos (foi campeã em Winnipeg/99), vencer em casa foi tudo de bom. Obrigada a todos pelo apoio. A pista estava maravilhosa.”

Maurren Maggi liderou a competição desde o primeiro salto, quando fez 6,69 metros. No segundo, foi ainda mais longe, com 6 84 metros. Queimou o terceiro e quarto saltos e ainda saltou 6 76 metros no quinto e sexto. Keila assumiu o segundo lugar na prova com um salto de 6,73 metros, na sua terceira tentativa. Definida a medalhista de bronze, para a cubana Savigne, e com a prata já ganha, ficou na prova para disputar o ouro com Maurren no último salto. Keila queimou e comemorou a prata. Maurren foi para o sexto salto já emocionada como campeã pan-americana, e fez 6,76 metros.

“Eu sabia que ia ser uma prova difícil, que tinha de chamar o público para torcer por mim. Chamei nas palmas e eles me ajudaram demais.” Carregando o cachorro de pelúcia Leão na mochila – seu bicho da sorte – disse que a filha Shopia estava com a avó.

Maurren afirmou se sentir recompensada depois de ter ficado fora dos Jogos de Santo Domingo. “Com certeza, porque todo mundo sabe o que aconteceu comigo (cumpriu suspensão de dois anos por resultado positivo em um exame antidoping) e daqui para a frente é um recomeço. Mas ainda há muito a fazer, ainda tem o triplo e depois vou pensar no Mundial (de Osaka, no Japão, de 25 de agosto a 2 de setembro). Quero estar entre as oito do mundo. Tomara que no triplo venha outra dobradinha. A Keila está mais forte, mas eu vou brigar com ela.”

Nesta sexta-feira, Maurren e Keila voltam ao Estádio João Havelange para a final do salto triplo, a partir das 15h50. E novamente as duas são candidatas ao pódio numa prova que é especialidade de Keila, recordista sul-americana com 14,57 metros (marca feita em junho, em São Paulo). “Ainda me considero uma triplista. O resultado não foi o que eu esperava. Eu e a Maurren podíamos saltar sete metros, mas foi uma competição boa com ouro e prata para o Brasil. O País merece a dobradinha. Eu quero repetir (na sexta) essa dobradinha, mas vou brigar pelo ouro.”

Keila apontou a cubana Savigne, segunda no ranking mundial, como uma adversária difícil. “Mas eu vou para cima. Eu e a Maurren temos condições de fazer uma dobradinha.” A atleta chorou de emoção e disse que teve de abandonar o seu projeto em Abreu e Lima, interior de Pernambuco, para treinar em São Paulo e “ganhar essa medalha”.