A Lenda de Tarzan trouxe de volta aos cinemas um dos personagens mais icônicos de todos os tempos: Tarzan, o Homem-Macaco, o Rei das Selvas, etc, etc. Ele aparece em mais de 200 produções audiovisuais, segundo o site IMDb. E, inevitavelmente, muitos erros históricos dos filmes acabaram se perpetuando através das gerações. Se A Lenda de Tarzan tem um mérito, é a de não cair na maioria deles. Procura, à sua maneira, construir uma história baseada nos livros do norte-americano Edgard Rice Burroughs, escritos entre 1912 e 1940. Ao todo, foram 24 obras, duas delas póstumas.

 

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A origem

Tarzan é filho de um casal de ingleses, John Clayton II, Lord Greystoke, e sua mulher, Mary, Lady Greystoke. Os dois sobreviveram a um naufrágio – causado por um motim – na costa do Quênia. O casal, já “grávido”, faz uma casa na árvore na tentativa de se proteger dos animais. Não dá certo; os dois acabam mortos, mas não antes de o menino nascer. O menino acaba adotado pela gorila Kala. Antes disso, porém, há uma DR (discussão de relacionamento) grave entre os símios. O líder do bando, Kerchak, havia matado o filhote de Kala. E por isso a gorila resolveu adotar o menino humano – batizado de Tarzan, ou “pele branca” na linguagem gorila. Kerchak gostou? Nem um pouco, mas Kala o enfrentou e criou o menino.

 

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Chita

“Chita”, a macaca chimpanzé que anda o tempo todo com Tarzan, é invenção dos filmes e seriados antigos, que não respeitaram direito a história. Nunca existiu nos livros. Tarzan foi criado por gorilas. Quando adulto, o que Tarzan tinha como companheiro de aventuras era um macaco Rhesus de pequeno porte, chamado N’Kima. Seu outro “animal de estimação” era um leão dourado, chamado Jadbalja.

 

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O grito

Outra invenção dos filmes. Tarzan não saía gritando pelas selvas, seja na hora de balançar nos cipós, seja na hora de chamar os animais. Curiosamente, A Lenda de Tarzan faz uma referência a isso.

 

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Os animais

É comum ver nos filmes antigos animais como tigres e elefantes indianos, além de outros que simplesmente não existem na África. Eram questões inerentes às produções antigas – é mais fácil ter um elefante indiano domesticado que um africano. Para quem acha que trata-se de um detalhe sem importância, é bom saber que, biologicamente, há mais diferença entre um elefante africano e um indiano que entre um leão e um tigre.

 

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Racismo

Essa é uma parte polêmica. Nos livros, Tarzan mata um nativo africano com uma lança no peito, para vingar a morte de Kala – a cena aparece en passant em A Lenda de Tarzan, e justifica determinados acontecimentos do filme. Numa ótica atual, Tarzan pode ser considerado racista por causa disso. Muhammad Ali, o pugilista recém-falecido, dizia que achava no mínimo estranho que os nativos africanos que moravam ali há milhares de anos não conseguissem se comunicar com animais, mas um loirinho inglês sim. Contudo, deve-se levar em conta alguns aspectos. 1) Tarzan foi criado pelos gorilas e ganhou o respeito deles com o passar dos anos. 2) Os nativos massai e todos os outros homens caçam os animais sem motivo – portanto, os animais os têm como inimigos. 3) Tarzan não matou um nativo por causa de cor de pele, e sim matou um determinado nativo por uma vingança específica. Além disso, as histórias de Tarzan foram escritas no fim do século 19 e no começo do século 20, quando o racismo imperava – negros não podiam andar nos ônibus dos brancos nos Estados Unidos nessa época, apenas para citar um exemplo. Aliás, esse fator é que faz com que Tarzan pareça um personagem datado. A Lenda de Tarzan deixou isso bem claro, apesar da tentativa de revisionismo.