Pinóquio e a educação de crianças

Redação Bem Paraná

 

Pinóquio, o desenho de Walt Disney, baseia-se em uma história de 36 capítulos escrita por Carlo Collodi, As Aventuras de Pinocchio, e lançada entre 1881 e 1883.

Limpando-se os aspectos fantásticos (como a Fada Azul e a baleia que mede um quilômetro), a animação de Disney, lançada em 1940, poderia ser bem aplicada à educação de crianças nos dias de hoje. Situações como virar jumento ou o nariz crescer são metáforas para as conseqüências dos atos de Pinóquio. Afinal, o menino se mete nas confusões em que se mete exatamente porque desobedece aos pais – no caso, o pai, Gepeto.

“Filho, não pode mentir”

É a parte mais famosa da história. Toda vez que Pinóquio mente ao pai, Gepeto, o nariz do boneco de madeira cresce – Disney até exagera ao colocar no nariz dele um ninho de pássaros com ovinhos e tudo. Pais que contaram a história aos filhos já devem ter visto em casa a seguinte cena: a criança se aproxima deles com a mão segurando o nariz e a boca soltando palavras como “Pai (mãe), não fui eu”.

 

“Filho, não fale com estranhos”

No que seria seu primeiro dia de ir à escola, Pinóquio é abordado por uma dupla bastante suspeita: a raposa João Honesto e o gato Gedeão. O menino permite a abordagem, e os malandros passam a conversa nele. Ele acaba parando no circo do vigarista Stromboli, que o prende e faz dele um escravo. Infelizmente, seqüestro e escravagismo não acabaram em 1940.

 

“Filho, educação é muito importante” e “Filho, cuidado com as drogas”

Pinóquio é desvirtuado novamente do caminho da escola. Acompanhado de outro moleque, Espoleta, é levado a um boteco, onde bebe, fuma charuto e joga sinuca. O malandrinho promete uma vida de diversão em uma ilha. O que nem Espoleta sabe é que os meninos acabam virando burros (jumentos mesmo, de verdade, com orelhas, rabo e tudo) quando embarcam nessa.

Disney empacota, de uma vez só, dois problemas. Não ir para a escola deixa a criança burra. Usar drogas também.

 

 “Filho, quando não souber o que fazer, ouça sua voz interior”

O desenho de Pinóquio tem o Grilo Falante, um personagem que não existe nas histórias de Carlo Collodi. Um acréscimo pessoal de Disney. O Grilo é a consciência de Pinoquio, ou o espelho da voz interior dele tentando falar e fazer o que é o certo. Quando Pinóquio não lhe dá ouvidos, quebra a cara. Mas, quando o menino resolve salvar o pai na barriga de uma baleia – uma tarefa que parece impossível –, o grilo ajuda. Na verdade, em geral a criança tem uma noção do que é certo e do que é errado. É que ela testa os limites. E às vezes precisa de uma outra voz para guiá-la.

Disney sabia das coisas. Mesmo em 1940.