Reprodução/youtube – Sunderland ´Till I Die

Como um clube tradicional, rico, com uma torcida fanática e com um poderoso estádio pode cair da primeira para a terceira divisão em duas temporadas?

As respostas para essa ‘queda livre’ são difíceis de encontrar. Nem mesmo um documentário com oito episódios de 40 minutos consegue explicar completamente.

A série Sunderland ´Til I Die, disponível no Netflix, mostra a temporada 2017/18 do Sunderland, quando caiu da segunda divisão (Championship) para a terceira da Inglaterra (League One). Em 2016/17, o clube já havia amargado o rebaixamento na Premier League.

O documentário mostra o sofrimento da fanática torcida do Sunderland e o envolvimento da cidade com o futebol. O cotidiano dos jogadores e a difícil missão de ser o ‘manager’ de um clube em crise também são aspectos em foco.

A força do Sunderland impressiona. Além do apoio popular, o clube tem um estádio fantástico, para 49 mil pessoas, e forte tradição no futebol inglês – são 140 anos de história. Mesmo assim, o rebaixamento para a terceira divisão vem de forma cruel, quase sem explicação.

No documentário, um dos poucos aspectos negativos apresentados é a ausência do proprietário do clube, Ellis Short, que se recusa a investir mais dinheiro no clube, impõe duros cortes de gastos no futebol e evita se relacionar com a comunidade do Sunderland.

No entanto, é uma análise superficial culpar apenas Ellis Short por tudo de ruim que acontece na temporada 2017/18. A impressão é que, no futebol, uma sucessão de pequenos erros, quase imperceptíveis, já é suficiente para derrubar um gigante.

CORITIBA E PARANÁ
O documentário do Sunderland é obrigatório para torcedores de Coritiba e Paraná Clube. Os rebaixamentos trazem lições também para quem está nas arquibancadas. Parece impossível que, ao longo do documentário, os paranaenses não se identifiquem com as situações vividas pelo clube inglês. No entanto, comparações devem ser feitas com moderação. Afinal, a relidade do futebol inglês é radicalmente diferente da nossa. Lá, os clubes são empresas, com proprietários e gestores profissionais. Aqui, ainda adotamos o modelo de “clube social” e do amadorismo na gestão.

NÚMEROS
O Sunderland era um clube rico em 2016. Tinha um elenco avaliado em R$ 520 milhões. Na temporada 2015/16, gastou R$ 310 milhões na aquisição de 11 reforços. A partir de 2016/17, porém, passou a vender mais jogadores mais do que gastar em contratações. Veja os números:

TEMPORADA 2015/16
Contratações de jogadores: R$ 310 milhões
Vendas de jogadores: R$ 48 milhões
Posição na tabela: 17º da Premier League

TEMPORADA 2016/17
Contratações: R$ 196 milhões
Vendas: R$ 111 milhões
Posição na tabela: rebaixado da Premier League para a Championship

TEMPORADA 2017/18
Contratações: R$ 7 milhões
Vendas: R$ 155 milhões
Posição na tabela: rebaixado da Championship para a League One