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Começa nesta quinta-feira (4) o júri popular contra o ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de matar o guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, em julho de 2022, por motivação política. Apesar se tratar de um crime que teve muita repercussão na época, em pleno período da campanha eleitoral de 2022, com vítima alinhada ao PT e réu eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro, não se espera qualquer clima de tensão política em torno do júri. Segundo o advogado Daniel Godoy, o clima na cidade de Foz do Iguaçu é tranquilo e de “reprovação da conduta do réu”, independentemente de preferências políticas. “Abstraindo o litígio político, ninguém concorda com essa violência”, disse o advogado ao blog.

A expectativa é de que o júri termine até sexta-feira (5) à noite. O primeiro dia deve se concentrar na escolha dos jurados. na leitura de peças dos processos e apresentação de vídeos e laudos periciais. Se houver tempo, ainda podem ser ouvidas as primeiras testemunhas. Acusação e defesa terão cada uma cinco testemunhas para serem inquiridas. Hoje (3) os envolvidos já estiveram no local do júri, na Vara Plenário do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, no Polo Centro. O júri, que começa às 8h30, terá transmissão pelo site do Tribunal de Justiça.

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Relembre o caso que levou Guaranho ao banco dos réus

O crime que ocorreu no dia 09 de julho de 2022. Na época, a vítima, Marcelo Arruda, atuava como tesoureiro do diretório municipal do PT de Foz do Iguaçu. A comemoração do aniversário de 50 anos ocorria em uma área reservada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A. De acordo com a denúncia do MP-PR, o réu – desconhecido da vítima e familiares – se aproximou da porta do salão de festas de carro, com o som do veículo em alto volume, reproduzindo uma música de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. Segundo as testemunhas, Guaranho havia saído de um churrasco com mulher e filho e soube que o festejo tinha como tema decorativo o Partido dos Trabalhadores e o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Aos gritos de “Bolsonaro” e “mito”, o réu, que estava acompanhado da esposa e do filho – um bebê de colo – ameaçou Arruda mostrando que estava armado e afirmou que voltaria para matar a vítima.

Aproximadamente uma hora  depois, Guaranho retornou ao local da festa, sozinho, e começou a disparar contra o alvo e convidados ainda da porta do salão. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança. As imagens mostraram que a vítima tentou se esconder debaixo de uma mesa, onde foi alvejada à queima roupa. “Marcelo,  era guarda municipal e tentou se defender, mas Guaranho executou a vítima, que já estava no chão. Havia potencial para uma tragédia de proporções ainda maiores naquela noite. Marcelo foi um herói, pois tentou defender os demais. O autor dos disparos atirou várias vezes, desde a porta de entrada do local da festa e poderia ter acertado os familiares e amigos da vítima, incluindo crianças que estavam na festa”, relata a advogada Andrea Jamur Pacheco Godoy.

A denúncia do MP

O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) à Justiça por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil – em função da violência política motivada pelo desrespeito às diferenças – e perigo comum, já que os disparos foram efetuados no local da festa e poderiam ter vitimado os convidados presentes.

A assistência de acusação, formada pela equipe do escritório Godoy Advocacia representa a família da vítima desde a etapa de inquérito policial e auxiliou a construção do conjunto probatório do homicídio e das qualificadoras. A atuação do Ministério Público, representado pelos promotores Marcelo Mafra e Tiago Mendonça, promoveu a denúncia em face do crime que ocorreu no dia 09 de julho de 2022. Na época, a vítima, Marcelo Arruda, atuava como tesoureiro do diretório municipal do PT de Foz do Iguaçu.

Guaranho está preso

O réu, Jorge José da Rocha Guaranho, está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Recentemente, ele foi demitido do cargo de policial penal por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por uso de recurso material da repartição em atividade particular (arma), improbidade administrativa e incontinência pública. A decisão é resultado de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado à época do crime, para apurar a atuação do ex-agente da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.