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Foto: Rafael Bertelli

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se emocionou muito ao lançar nesta quinta-feira a retomada da operação da Fafen, a fábrica de fertilizantes da Petrobras em Araucária, que foi fechada durante o governo de Jair Bolsonaro. Com um investimento de R$ 870 milhões a fábrica, agora chamada de ANSA, deverá começar a operar em maio do ano que vem.

Lula não leu discurso pronto na cerimônia em Araucária. Fez um discurso de improviso em que chorou em duas oportunidades: quando lembrou sua prisão por 580 dias na sede da Polícia Federal, em Curitiba, e quando falou sobre a retomada dos investimenhtos da Petrobras.

“Eu sou muito grato ao trabalho que vocês fizeram durante 580 dias que fiquei na polícia federal. Tem gente que consegue gravar uma música pra toda vida. A minha música eram três bons dias, manhã, tarde e noite, durante 580 dias, com chuva, com frio, domingo e feriado. Aquilo marcou a minha vida”. disse.

Em seguida, ainda mais emocionado, disse: “Mas o que mais marcou: Vocês não têm noção do orgulho que tenho de estar vestindo essa camisa da Petrobras. Muitas vezes eu ficava deprimido e chorava quando ficava sabendo de notícias de companheiros trabalhadores da Petrobras entrando num restaurante e sendo chamado de ladrão. Conseguiram criar no imaginário que quem trabalhava na Petrobras era ladrão”, seguiu.

“Antes de eu vir para a Polícia Federal, tinha gente me dando conselhos para eu ir para fora do país. Eu tomei a decisão – eu vou me entregar e vou lá para dentro, perto daquele juiz insignificante e daqueles procuradores que faziam uma quadrilha”, relatou. “Cá estamos nós, para recuperar uma coisa muito importante nesse país. A gente não está só recuperando a fábrica e investindo na Repar. A gente está recuperando o orgulho de ser brasileiro, disse Lula no ato em Araucária.

“Os caras que fecharam essa fábrica certamente nunca ficaram desempregados. Vocês ficaram desempregados quatro anos. A Petrobras é uma indústria de desenvolvimento e inovação neste país. Eles tentaram destruir a Petrobras. E para isso, tentaram destruir a reputação da empresa. Vocês não sabem quantas pessoas inocentes acabaram com a vida desgraçada. Se tiver que prender alguém, prenda. Não pode destruir a empresa”, disse ainda. “A Petrobras é do povo brasileiro”.

Lula veio ao Paraná com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Renan Filho, dos Transportes, Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária (“melhor ministro da Agricultura que o país já teve”, disse), Alexandre Silveira, das Minas e Energia; Paulo Teixeira,do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Laércio Portela, interino da Comunicação. Andrei Rodrigues.

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira em seu discurso deus os “parabéns ao povo brasileiro que escolheu livrar a Petrobras do capital especulativo”, ao votar em Lula.
“A reabertura não é apenas simbolo de resistência e persevernaça, é um passo firme para um país mais forte nacionalista. Foi um longo e tenebroso inverno, mas hoje a luz voltou a brilhar. O governo anterior queria vender a Repar. Lula está ampliando a Repar com mais de R$ 3,2 bilhões. A Fafen a partir de agora não é só uma fábrica de fertilizantes, é o símbolo da resistência brasileira”, concluiu.

Magda Chambriard disse que no dia da posse ela assumiu uma missão de movimentar a Petrobras, porque ela ajuda a movimentar o PIB do Brasil. “Lula também me deu essa missão de gerir essa empresa com respeito aos brasileiros e aos trabalhadores. Nosso planejamento estratégico no quinquênio contempla nada menos de R$ 60 bilhões no refino e cerca de R$ 6 bilhões em fábricas fertilizantes”. Segundo ela, os investimentos no quinquênio no Paraná vão gerar quase 30 mil novos postos de trabalho.

Ela disse também que a Petrobras está absolutamente comprometida com o crescimento do país. Uma funcionária da refinaria entregou a Lula uma amostra do diesel R-5 produzido na Repar. Em seguida, Lula descerrou a placa que simboliza a retomada da fábrica de fertilizantes.

Os investimentos anunciados por Lula na antiga Fafen e na Repar, em Araucária

O investimento previsto para a reabertura da unidade é de R$ 870 milhões. A previsão é de que a produção comece em maio e 2025. Durante a intervenção para retorno operacional serão gerados mais de 2 mil empregos, entre empregados ANSA e das empresas contratadas. Após retorno operacional, devem ser mantidos cerca de 700 empregos diretos.

Atualmente, a fábrica retomada por Lula em Araucária está em processo de contratação de serviços e aquisição de materiais, com previsão de conteúdo local superior a 85%. Após finalizada essa etapa, será realizada a mobilização dos contratos de serviços e manutenção dos equipamentos para o início das atividades. Situada ao lado da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), a ANSA tem capacidade de produção de 720 mil toneladas/ano de ureia, o que corresponde a 8% do mercado; 475 mil toneladas/ano de amônia; além de 450 mil m³/ano do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32).

“O setor de fertilizantes tem importância estratégica para o país e para a Petrobras, possibilitando diversificação dos negócios da companhia, integração da cadeia do gás natural e ações de descarbonização em linha com a transição energética. Nossa retomada da participação no mercado de fertilizantes passa por comprovação da viabilidade técnica econômica e vai contribuir para reduzir a dependência nacional da importação de fertilizantes, gerando também emprego e renda”, comemorou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

Após um acordo proposto pelo Ministério Público do Trabalho e homologado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), 215 ex-funcionários da fábrica reiniciaram suas atividades. Esses trabalhadores haviam sido dispensados em 2020, quando a fábrica foi hibernada. São essencialmente técnicos especializados no funcionamento da planta industrial e foram recontratados pela subsidiária.

A Petrobras anunciou o investimento de R$ 3,2 bilhões, previstos no horizonte do PE 24-28, destinado a paradas de manutenção e projetos de investimento na Repar. Serão gerados cerca de 27 mil empregados diretos e indiretos. Entre os projetos, está prevista a implantação de uma nova unidade de hidrotratamento de médios (HDT), que tem por finalidade o aumento da produção de diesel S10, além de projetos de melhoria de eficiência energética, visando uma menor pegada de carbono nas operações e aumento de carga de destilação, para acréscimo da produção de derivados e atendimento ao mercado.

A Repar é pioneira na produção do Diesel R, combustível produzido por coprocessamento (processamento conjunto) de derivados de petróleo (parcela mineral), com matérias-primas de origem vegetal, como óleo de soja. Esse novo combustível é uma alternativa sustentável no ciclo diesel, pois a redução das emissões associada à parcela renovável é de ao menos 60% em comparação com o diesel mineral, podendo ser até maior a depender da matéria-prima utilizada.

A unidade atende cerca de 15% da produção nacional de derivados de petróleo e 85% do abastecimento vai para os estados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. A capacidade instalada é de 33 mil m³/d ou 207.563 bbl/d e os principais produtos são o diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, óleos combustíveis, QAV, propeno, óleos marítimos.