A defesa dos animais de estimação será de novo plataforma eleitoral de muitos candidatos que disputam vagas para a Câmara Municipal nas Eleições 2024 em todo o país. Investir em representantes da causa animal virou um bom negócio para os partidos interessados em alavancar votos para a legenda. A partir de sexta, 16 de agosto, os candidatos começarão a se apresentar principalmente pelas redes sociais.
A aposta em figuras populares, nesse caso influenciadores da proteção com intensa exposição de resgates, mexe demais com o coração dos apaixonados por pets, sinônimo de cães e gatos. O “cuidar das pessoas” tão clichê nos discursos políticos ganhou o substituto “vou defender os animais”. As crianças prediletas na época eleitoral correm o risco de perder o lugar para os vira-latas.
Estratégia
Em especial, os partidos de Direita têm apostado estrategicamente em candidatos com grande popularidade na defesa dos direitos animais e garantido mais representatividade Brasil afora.
Musa do Agro
Tudo indica que São Paulo terá uma das mais emblemáticas figuras nacionais da proteção animal na disputa por uma vaga na Câmara Municipal, a famosa e polêmica, Luisa Mell, ativista pelos Direitos dos Animais há mais de duas décadas. Luisa alegou ter feito exigências para aceitar a proposta, entre elas a criação de uma Secretaria de Proteção Animal caso o atual prefeito de São Paulo seja reeleito. A expectativa é que a protetora seja uma grande puxadora de votos do partido de Direita. O anúncio da pré-candidatura já repercute na internet com o irônico título dado à ativista vegana de “Musa do Agro”. (Imagem: reprodução da capa do livro)
Além dos pets
A cidade de São Paulo conta com o vereador Roberto Tripoli, em seu oitavo mandato na Câmara e um já exercido na Assembleia Estadual. Tripoli é ambientalista, pioneiro na criação de projetos voltados a políticas públicas em defesa de animais de diferente espécies, além de legislar em causas ambientais e sociais em mais de 35 anos de atuação política em um partido de centro esquerda. Mas não é nada midiático para os padrões atuais. (Imagem: reprodução Instagram)
Atuação política
Para a educadora ambiental, ativista dos Direitos dos Animais e Secretária Executiva do Fórum de Defesa dos Animais de Curitiba e RMC, Laélia Tonhozi, o papel de vereadores e prefeitos em relação aos animais, pressupõe a compreensão de que eles possuem direito às suas próprias políticas, já que possuem necessidades e interesses próprios. “Além desta compreensão, devem ser consideradas questões ambientais, de saúde e de cultura, pois a população humana deverá aprender a respeitar as formas de vida não humanas”, explica.
Curitiba
No cenário da capital paranaense que não elegeu representantes da proteção animal na última eleição em 2020, talvez pelo histórico traumático com a atuação de duas vereadoras eleitas pela defesa dos animais, a pergunta que fica é: o curitibano dará mais uma chance a um representante da causa? Ou estará atento a um candidato com uma atuação mais ampla na defesa do meio ambiente? Para 2024, já foram anunciadas pré-candidatas declaradas da proteção animal.
Meio ambiente e pets
“Do ponto de vista objetivo, temos que entender que quando se fala em `animais´, eu prefiro animais não humanos, não é só em cães e gatos (pets): são todos os seres com os quais convivemos, de forma que preservar o meio ambiente já é um primeiro passo”, esclarece Laélia. “Se quisermos pensar em cães e gatos, é necessário o desenvolvimento de políticas públicas específicas, que deverão ter dotações orçamentárias específicas”.
“Por outro lado, um ser humano que tenha uma boa compreensão humanitária, pode ser sim alguém que pode trazer benefícios aos animais. Respeitar a vida de maneira ampla, pode sim ser um belo caminho para diálogos e desenvolvimento de processos que beneficiem a todos”, pondera a educadora ambiental.
Cilada
Para a especialista, aparecer com um cachorro ou um gato na época das eleições é um bom indicador de que o candidato está “usando o animal não humano para dar o pulo do gato. Fuja desta pegada”, brinca.
O Blog Papo Pet vai divulgar em breve algumas dicas para não cair em uma cilada eleitoral com o apelo dos animais.
