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Cristina Graeml no debate da Band (Foto: Franklin de Freitas)

Atualmente 80% dos curitibanos usam o transporte público para trabalhar e quase 20% para deslocamentos de estudo. Isso dá aproximadamente 500 mil pessoas por dia útil, segundo documentos publicados no site da Urbs. Além disso, cerca de 82% usam 2 ônibus ou mais, com integração no mesmo valor, para chegar ao destino (apenas ida).

Eles usam a tarifa social do transporte coletivo, que é um valor único, pago por todos aqueles que utilizam o sistema como uma forma de subsídio das pessoas que percorrem menores trechos e que estão em bairros com maior renda, em detrimento àqueles que estão em regiões mais distantes e que possuem menor renda.

Todo esse contingente pode ser prejudicado pela mudança que Cristina Graeml pretende implementar, a tarifa proporcional, na qual quem se desloca por mais tempo vai pagar mais caro do que quem usa o ônibus na região central. A proposta está na página 45 do plano de governo protocolado pela chapa do PMB no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e foi amplamente defendida por ela no debate da Band da última segunda-feira.

Segundo os dados da Urbs, que administra o sistema, 30,5% dos curitibanos costumam utilizar o transporte entre 5h e 7h e outros 38% usam o transporte entre 7h e 9h. Esses são justamente os horários tradicionais de deslocamento das pessoas para chegar ao centro para trabalhar nos comércios, padarias, restaurantes, portarias, etc.

Outro aspecto da mudança é a geração de emprego. Atualmente 55% dos usuários recebem auxílio do empregador para arcar com os custos da tarifa. Nesse novo sistema, os empresários teriam que desembolsar mais dinheiro para ajudar a financiar o transporte ou os empregados teriam que tirar a diferença do próprio salário.

“Os moradores do Tatuquara e mais periféricos vão ser estimulados a empreender e trabalhar mais próximo de casa. Vamos implantar um sistema em que o morador do Centro vai até o Alto da Glória ou Cristo Rei paga a mesma passagem atualmente. Mas não é justo. Vamos implantar a passagem por quilômetro rodado”, disse Cristina Graeml no debate da Band nesta segunda-feira.

Ela já tinha usado essa lógica classista em outro momento, em uma entrevista ao canal Inusitável Podcast, há um mês. “O sistema de Curitiba permite sair de Fazenda Rio Grande e ir para Colombo, quer dizer, ir do limite sul para o limite norte gastando apenas uma passagem. Mas o cara que sai do Batel para Centro Cívico paga o mesmo, anda 2 ou 3 quilômetros, não é justo”, disse.

“A tecnologia resolve isso. Na hora que vai comprar a passagem na maquininha você diz que vai do Batel para o Centro Cívico, opa, 3 quilômetros, vai custar tanto. Preço por quilômetro rodado. Quem mora na Região Metropolitana e tem menos poder aquisitivo, tanto que usa ônibus, precisa rodar mais. Mas é uma escolha tua. Você quer morar na região metropolitana e trabalhar na Capital vai ter que se deslocar mais, por um período e um percurso maior. Não é justo que quem anda pouco pague por quem anda muito”, afirmou.