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Obras na Mateus Leme (Foto: Ricardo Marajó/SMCS)

A polêmica do binário das ruas Mateus Leme e Nilo Peçanha, no bairro São Lourenço, em Curitiba, chegou à Câmara Municipal de Curitiba. As reclamações sobre o binário repercutiram na sessão da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na manhã desta segunda-feira (17)O plenário da Casa endossou uma indicação de sugestão que pede ao Executivo a realização de chamamento público, “devidamente divulgado”, para ouvir a população sobre as obras. Pais de alunos do Colégio Marisa Santa Maria, no bairro São Lourenço, fazem um abaixo-assinado contra as mudanças de trânsito em decorrência do binário da Mateus Leme e Nilo Peçanha. As mudanças foram implementadas na última quarta (12). O abaixo-assinado conta com mais 1.300 assinaturas.

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“Na quinta, na sexta-feira, começou a, como se diz, pipocar de mensagens da população daquela região, desesperada com a situação”, relatou o autor da sugestão, vereador Eder Borges (PL). Segundo ele, moradores e pessoas que trafegam pela região reclamam do percurso maior e de engarrafamentos, além do risco à segurança de alunos de escolas de grande porte localizadas nas imediações.

“Pessoas que demoravam cinco minutos pra chegar a determinado local estão relatando que agora estão levando meia hora”, citou o parlamentar. “Imagine quando tiver show na Pereira [Paulo Leminski], então, o que vai virar aquilo”, ponderou Borges. “Eu fico pensando, por que isto? Por que foram mexer em algo que estava bom, que estava funcionando?”, indagou.

“A população não foi ouvida sobre binário”

A população não foi ouvida. Se houve chamamento, e deve ter havido, por certo que houve, este chamamento não chegou à população e as pessoas não puderam participar”, opinou, ainda, o autor. “Nós pedimos que se reveja isto, […] e, se a população quiser, que seja desfeita esta obra, que [o Executivo] assim o faça.”

No debate da indicação à Prefeitura, outros vereadores falaram da falta de participação popular. “Eu gostaria de entender como uma intervenção tão agressiva no trânsito daquela localidade é feita sem uma conversa com as pessoas do entorno”, acrescentou Alexandre Leprevost (União). “Por enquanto, está nítido que fizeram uma verdadeira lambança, […] eu recebi inúmeras reclamações de que aquilo lá está um caos”, opinou. 

“Inclusive recebei vídeos de ônibus circulando na frente das escolas da região em alta velocidade, […] é uma bomba-relógio. É preciso, sim, que este binário seja repensado, com uma engenharia de trânsito eficiente”, complementou Dalton Borba (Solidariedade). “Acredito que todos os vereadores, ou a maior parte deles, tenham recebido reclamações. E a impressão que fica é que não houve planejamento”, declarou Indiara Barbosa (Novo). Ela apresentou um pedido de informações oficiais ao Executivo sobre o novo binário, lido no pequeno expediente desta segunda, em que pergunta sobre os estudos que embasaram o binário. 

Binário das ruas Mateus Leme e Nilo Peçanha pode sofrer mudanças

Herivelto Oliveira (Cidadania) confirmou que também recebeu reclamações, mas que a superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, explicou a ele “que as coisas vão se acertando no meio do caminho”. Conforme o vereador, o Executivo poderá reavaliar alguns dos pontos questionados pela população. Bruno Pessuti (Pode) complementou que a Urbs e a Secretaria Municipal da Defesa Social e Trânsito (SMDT) já sinalizaram a redução da velocidade dos ônibus. No entanto, o vereador disse acreditar que o ideal é alterar o trajeto de veículos do transporte coletivo, minimizando o risco aos estudantes. 

A Prefeitura já está acompanhando desde o início que foi feita esta alteração. Mas eu quero lembrar que foi, sim, feita audiência pública, […] eu estava lá, ouvimos as considerações dos órgãos [públicos]. Todavia, sempre há a possibilidade de se melhorar”, pontuou Mauro Ignácio (PSD). “É preciso, sim, que a Prefeitura continue avaliando os impactos, e este é um compromisso do Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba].” 

Outras sugestões relacionadas ao tema não chegaram a ser votadas devido ao fim do prazo regimental da sessão plenária. Apesar de avalizadas pelo plenário, de forma simbólica (sem o registro no painel eletrônico), as indicações não são impositivas, pois são apresentadas quando há pedidos para área de competência exclusiva do Executivo.