ALDO BALDIN – UMA VIDA PELA MÚSICA

Stella Winnikes
531e4207-bf6d-4bee-8183-d10380b15f92

Aldo Baldin – Uma Vida pela Música é um documentário operístico que revela o talentoso tenor Aldo Baldin em sua jornada, desde um início humilde no interior do Brasil até se tornar um dos maiores tenores líricos do mundo em sua época. Cantou com os maiores maestros, se apresentou nas mais famosas salas de concerto e gravou mais de 100 discos. Sua história é contada em primeira pessoa pelo próprio tenor e por músicos, amigos e familiares, que revivem a carreira única desse grande artista brasileiro.

O filme “Aldo Baldin – Uma Vida pela Música”, dirigido por Yves Goulart, ganhou o prêmio ‘Melhor Filme pelo Júri Popular’ no Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2024. O público catarinense teve a oportunidade de conhecer a trajetória de Aldo Baldin, tenor de carreira internacional, considerado até hoje um dos maiores nomes do canto lírico no Brasil. Este ano completa 30 anos de falecimento do tenor, que nos deixou em 1994, na Alemanha. O filme é uma homenagem à sua grande biografia.
Nascido em Urussanga, no Sul de Santa Catarina, nas montanhas da comunidade do Belvedere, cujas terras hoje pertencem ao município de Treviso. Aldo Baldin iniciou a carreira musical no Rio Grande do Sul. Quando adolescente foi estudar para ser padre e descobriu a sua vocação para o canto lírico.

Antes de se destacar no cenário internacional, seu talento o levou a atuar em importantes teatros e festivais na Europa, onde consolidou sua reputação. Baldin foi agraciado com diversos prêmios, incluindo um Grammy, em 1981, pelo disco “A Criação” de Hayden e a sua indicação com o disco “Bodas de Fígaro” de Mozart, em 1986. Além disso, gravou mais de cem álbuns, deixando um legado inestimável para a música clássica.
O documentário do cineasta catarinense Yves Goulart é o resultado de mais de uma década de pesquisas minuciosas, que visam resgatar e celebrar a vida e obra de Aldo Baldin. O filme alcançou reconhecimento internacional, com estreia mundial no 24o Havana Film Festival New York, em abril deste ano, e no 16o IN-EDIT Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, em São Paulo.

A pré-estreia em São Paulo foi muito emocionante e contou com a presença da pianista Lilian Barretto, que fez inúmeras apresentações com Baldin, no Brasil e na Alemanha, nos anos 1980. Eles gravaram o
disco “Canções de Amor e Prelúdios” de Claudio Santoro e Vinicius de Moraes. Após a exibição, Lilian publicou nas redes sociais: “Lindíssimo, comovente, sensível e emocionante. É preciso ser visto por todo o Brasil.” Alessandro Santoro, o filho do compositor, mandou a seguinte mensagem para a viúva Irene Flesch Baldin, direto da sala de cinema, quando ainda subiam os créditos finais:

“Que lindo que ficou! Que bom que existe um registro histórico de sua vida musical tão prolífica! Que orgulho! Bravo pela sua lindíssima direção musical! Tudo no seu lugar certo! Estou emocionado!”

Depois das exibições em Nova York, São Paulo e Florianópolis, o documentário do cineasta Yves Goulart, “Aldo Baldin – Uma Vida pela Música”, será exibido na Cinemateca de Curitiba, no domingo, 13 de outubro, às 16 horas. A entrada é gratuita e o diretor estará presente apresentando o filme.
O tenor Aldo Baldin se apresentou muitas vezes no Teatro Guaíra fazendo música de câmera e como solista em oratórios. Participou algumas vezes dos Festivais de Música de Curitiba e dos Cursos Internacionais de Música do Paraná. Em 1969 participou como solista na gravação da “Missa in tempori belli” de Haydn no 5° Festival e em 1975, na gravação da “Missa Solemnis” de Beethoven, no 8° Festival, ambas sob a regência de Roberto Schnorrenberg. Em 1983 gravou um disco com a Camerata Antiqua de Curitiba, sob a regência de Roberto De Regina sob o selo da Fundação
Cultural de Curitiba. Ele tinha uma conexão com o estado fazendo turnês em terras paranaenses sempre que era convidado. Os pais de Aldo migraram de Urussanga para Medianeira, no interior do Paraná, onde viveram por muitos anos. Baldin os visitava sempre que possível.

Você conhece Aldo Baldin? Se a resposta for não, até ele mesmo previu isso quando gravou o seguinte, em 1994, dois dias antes de morrer:
“Estou gravando esta fita para poder escrever um livro sobre Aldo Baldin, um tenor brasileiro”.
O livro nunca foi escrito por ele, mas ainda bem que um dos maiores tenores da música clássica, falecido aos 49 anos, decidiu soltar a voz e contar nota por nota sua própria história. Isso porque aquela gravação serviu de trilha para o cineasta Yves Goulart fazer um documentário sobre o artista.
“Eu nasci na mesma cidade do tenor Aldo Baldin: uma pequena cidade chamada Urussanga, no interior de Santa Catarina. Mas só ouvi falar de Baldin em 2009, em Nova York”, afirma o Goulart. Foi através de uma amiga que lhe mostrou o LP ‘Serenatas, Bachianas & Canções’ de Heitor Villa-Lobos e gravado por Aldo Baldin. A capa do álbum é simplesmente a foto da igreja matriz de Urussanga. O cineasta reconheceu imediatamente e disse: “Como é possível que a igreja da minha cidade esteja na capa deste álbum? Quem é Aldo Baldin?” Nesse momento, surgiu o interesse em descobrir quem era esse artista e por que ele era tão desconhecido do grande público no Brasil, mas respeitado e admirado pelo público da música clássica em todo o mundo.
Goulart contatou a viúva de Baldin, Irene Flesch Baldin, catarinense e radicada na Alemanha desde a década de 1970, e descobriu que Baldin havia gravado 100 discos e inclusive foi indicado a um Grammy com ‘Bodas de Fígaro’ de Mozart e ganhou outro com ‘A Criação’ de Haydn, em conjunto, ao lado de grandes nomes da música clássica como Edith Mathis e Dietrich Fischer-Dieskau e sob a regência do maestro inglês Sir Neville Marriner.
Goulart recebeu total e irrestrito apoio de Irene, que é musicista e diretora musical do filme. Ela foi o braço direito do cineasta, ajudando-o inclusive com as entrevistas em alemão. O resultado é um documentário que resgata as origens simples do cantor e apresenta pela primeira vez sua carreira ao público.
“Ele veio de um lugar muito simples, de onde nunca imaginaríamos que surgiria um tenor lírico com tanto talento para cantar Mozart, Bach e Beethoven, com todo o estilo que esses compositores exigem.”
– Irene Flesch Baldin.

SERVIÇO:

13.10.24 Domingo
16 horas
CINEMATECA DE CURITIBA – Grátis
Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174
Sessão apresentada pelo diretor Yves Goulart