Cada religião tem, em seu modo de atuação, o desejo de ligar o ser humano ao Sagrado. (Imagem: Pixabay)

Na Antiguidade, Cícero (106-43 a.C.) afirmou que a palavra “religião” deriva do latim, relegere. Para ele, a vivência de uma religião seria uma obrigação daqueles “que cumpriam cuidadosamente todos os atos do culto divino e, por assim dizer, os reliam atentamente”. Santo Agostinho (354-430), na Cidade de Deus (X, 1), define a religião como uma forma de “ligação” entre o ser humano e o Divino.

Por essa razão, as religiões mundiais ou universais podem ser entendidas como aquelas que possibilitam ao homem a experiência do sagrado. Dentre elas, podemos citar as três de maior tradição como os pilares religiosos fundamentais na história da humanidade: judaísmo, cristianismo e islamismo. Por se caracterizarem por meio de uma perspectiva sociológica e pluralista pautada no encontro e de parceria a favor da justiça e da paz mundial, tais expressões religiosas são consideradas universais. Elas também possuem uma característica comum de grande importância: têm como raiz fundamental a herança abraâmica. Nesse sentido, pode-se afirmar que elas são como ramos distintos de uma mesma árvore, distinguindo-se não em essência, mas em suas formas de atuação e vivência doutrinária.

De maneira geral, cada religião acima citada busca, ao seu modo, cumprir funções comuns, visando servir de guia moral aos seus seguidores, ser mediadora entre o indivíduo e a sociedade, apoiar o respeito,  apoiar a participação do indivíduo na esfera pública e política, ser doadora de significação (sentido) na vida das pessoas, sendo doadora de integração.

Esse sentido de Sagrado visa dar uma reposta à esfera individual integrando os seres humanos fragmentados na modernidade e na era da globalização, favorecendo e apoiando o contato com o transcendente. Isso ajuda o ser humano a manter a esperança viva, manter vivo o desejo de viver, alimentando seu sentido por meio das narrativas simbólicas e dos rituais.

Além do mais, as religiões contribuem para que toda pessoa humana possa manter o equilíbrio entre o caminho vertical (relação com Deus) e o horizontal (relação com a história), oferecer ligações entre o indivíduo e o mundo, educar contra a violência distinguindo entre o que é digno de um ser humano e o que não lhe convém e, imprescindivelmente, atuar na prevenção e correção dos desvios da atitude religiosa – de modo a evitar o fanatismo, o fundamentalismo e os exclusivismos sectários.

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Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções.