A Historiografia é o campo de conhecimento que auxilia a interpretar a temática da religiosidade e sua relação com o homem e o mundo. (Imagem: Pixabay)

Quando analisamos o contexto da História das Religiões, podemos entender que a historiografia é um campo de conhecimento que contribui com a interpretação histórica da temática da religiosidade e sua relação com o homem e o mundo, de modo a entender o valor e o significado das religiões.

Como destaque, podemos citar duas escolas que se dedicam a esse campo de estudo: a Escola Histórico-Cultural de Viena e a Escola Italiana de História das Religiões. A escola austríaca situa o olhar na busca de uma “religião primordial”, ou seja, visa descobrir por meio das culturas secundárias e superiores a primeira forma de religião que apareceu na história. Já a italiana objetiva seus estudos em aspectos inéditos à cultura historicista croceana, buscando analisar os fatos religiosos dentro da área da pesquisa histórica e entendendo a História como a única realidade dinâmica e dialética do “ser” e do “vir a ser” presente em cada cultura.

Tendo essas duas concepções de historiografia como exemplo, é possível afirmar que existem enraizamentos das religiões que ainda hoje, no século XXI, estão presentes em nosso quotidiano. Afinal, cada expressão religiosa traz dentro de si uma tradição, um costume ou ritual herdado de seus antepassados. Exemplo disso é a relação que estabelecem com temas envolvendo valores, direitos, deveres, a forma de se relacionar com a sociedade, com a natureza ou mesmo o modo como entendem a importância da vida partilhada em comunidade, a solidariedade, a divulgação de uma visão holística do mundo e das pessoas, a necessidade de harmonia entre tradição e progresso, a compreensão de elementos desafiantes como a dor e a morte.

Questões de bioética e religião

No caso do fim da vida, esta certamente é uma questão que acompanha indagações das mais diversas entre os membros das mais diferentes religiões, uma vez que, sendo o sofrimento tido como alternativa para purificação, caminho de ascese, oportunidade de penitência, pagamento pelo mal causado em vidas passadas, dentre outros motivos variados, no caso da morte, o mistério inerente ao falecimento de uma pessoa é um tema que causa até hoje perplexidade e inquietação.

Portando, para que tais enraizamentos possam ajudar na superação de preconceitos e da intolerância, é preciso que se perceba que somos todos ramos de uma mesma árvore, que contém uma só raiz. E, que para vivermos em paz, é necessário que se construa uma sociedade fundada em valores que fortaleçam a tolerância mútua, o diálogo, o respeito às diferenças e uma convivência fraterna. Dessa forma, poderá manter vivo o âmago comum às raízes que fortalecem a história particular e original de cada religião, possibilitando a identificação e a adaptação de seus membros em face às transformações culturais que de tempos em tempos se apresenta no mundo em que vivemos.


Gostaria de acompanhar temas de bioética no campo da religião? Envie sua sugestão para nosso blog! Em breve, teremos diversos especialistas tratando diferentes abordagens teológicas. Participe! Enquanto isso, compartilhe este post em suas redes sociais!

Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções.