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Warner Bros. (Divulgação)

No original de 1988, Beetlejuice era uma comédia, uma história de fantasmas, um filme de terror muito bem produzido e um passeio macabro em uma casa de diversões, tudo movido por um novo tipo de brincadeira de show de horrores. Ali já dava pra saber que Tim Burton, seria um astro de seu próprio mundo estranho de zombaria macabra.

A visão da vida após a morte como uma sala de espera de horrores; o que dizer da cena espetacular da sequência musical de possessão demoníaca “Day-O”. E Michael Keaton como Beetlejuice, o bioexorcista nojento, o filme trouxe um espírito que não era apenas maluco, era hilariamente insano.

Os Fantasmas Ainda se Divertem Beetlejuice Beetlejuice, inicia desajeitado, com Burton manipulando seus personagens como um jogo de xadrez fantasmagórico. Conforme a trama se desenrola, as peças começam a se juntar da mesma forma que o corpo de Delores. O filme é apenas um gostinho leve de Beetlejuice para os fãs, uma pequena fatia do bolo verde de casamento. Ele não causa o impacto que o filme original trouxe. Sendo assim, traz um fan service bom e ruim. Beetlejuice Beetlejuice é extravagante e eu gostei disso, achei gostoso e divertido. Traz a visão do mundo aos olhos de Burton somado ao nosso. Parte do que o novo filme oferece é uma nostalgia honesta do momento em que o palhaço do inferno de Burton ainda tinha o poder de chocar.

A ex-adolescente gótica que interagiu com o mundo espiritual, agora apresenta seu próprio programa de TV, intitulado Ghost House, como mediadora psíquica. Lydia (Winona Ryder) ainda usa franjas espetadas, e está mais perturbada do que nunca. Talvez isso se deva ao seu namorado e produtor de seu programa, Rory (Justin Theroux), que é um canastrão com falas clichês terapêuticas para encobrir seu oportunismo. Ou talvez por conta da sua filha, Astrid (Jenna Ortega), que sente desprezo pelas preocupações espirituais de sua mãe, que ela considera charlatanice.

Catherine O’Hara, exagerada como sempre, está de volta como Delia, a madrasta artista narcisista de Lydia. E contornando algum constrangimento do o ex-membro do elenco Jeffrey Jones (que foi condenado por crime sexual), seu personagem, Charles, pai de Lydia e marido de Delia, é representado por um cadáver mordido por um tubarão, o personagem transita o filme todo como um tronco sangrento sem cabeça. E Beetlejuice (Michael Keaton), que aos 73 anos, traz a mesma energia obscena e trapaceira descobrindo outra maneira de coagir Lydia a se casar com ele. A trama se desenrola com Astrid se apaixonado por um rapaz (Arthur Conti) da pequena cidade Winter River, que tem um segredo bem obscuro.

O filme não ganha vida completamente até a cena em que Beetlejuice, atuando como o
“terapeuta de casal” de Lydia e Rory, derrama suas entranhas, literalmente, então produz uma versão infantil de si mesmo – um bebê inquietante que rasteja pelo teto. Uma cena agradavelmente doentia, e isso, à sua maneira, é a estética de Beetlejuice: Tim Burton inventa essas coisas simplesmente porque isso desperta sua fantasia pervertida. Burton fez o uso de trocadilhos de “Soul Train”, completo com uma linha de coro boogie-down de dançarinos de funk dos anos 70 (que no filme se torna um trem para almas mortas).

Depois de um tempo, os conceitos começam a ganhar força e soar juntos, seja Bob, a cabeça encolhida de olhos arregalados em um traje completo, e que agora existe um exército de Bobs no escritório; ou Willem Dafoe em seu papel cafona de Wolf Jackson, um ex-ator de filmes B, agora com o lado esquerdo do cérebro exposto (resultado de um acidente com granada), que lidera polícia da vida após a morte, mas faz isso como se ainda estivesse atuando em um filme ruim; ou as homenagens aos filmes em preto e branco de Mario Bava e à ansiedade sonhadora de “Carrie”; ou a cena hipnótica que Burton traz, na cena climática do casamento, usando a interpretação de Richard Harris de “MacArthur Park” para uma sequência de loucura de dublagem feliz. Beetlejuice Beetlejuice não é “Beetlejuice”, mas tem o suco de Burton o suficiente.

Os Fantasmas Ainda se Divertem Beetlejuice Beetlejuice, estreia nos cinemas dia 5 de setembro.