O certo, certo mesmo, seria gastar essa coluna pra pensar sobre a França, o Macron, a Marine Le Pen. Eu sei, o certo é o certo. Só vou dizer uma coisa bem rapidinho antes. Tenho torcido tanto pra que o leitor e o francês, qualquer francês, faça um intervalo entre a previsão de horror do futuro e o café da manhã pra lembrar de alguém que, ainda com as notícias todas, te dê vontade de futuro. Pra acordar no meio da noite, olhar bem olhadinho pra cara desse alguém, uma cara amassada de travesseiro, inspirar contando de 1 até 5 e expirar sem nem contar, assim fazendo barulho pela boca, sabe? Faz aí comigo: 1, 2, 3, 4, 5. Agora sopra, mas sopra pensando no alguém. Pronto.

Já volto pra França. É que o certo, certo mesmo, seria gastar essa coluna pra falar sobre os Estados Unidos, o Biden, a agonia dos democratas. Já pensasse na tensão e no tanto de reunião que esse povo deve ter marcado pra hoje? Eu sei, o certo é o certo. Só vou dizer uma coisa bem rapidinho antes. Tenho torcido tanto pra que o leitor e o americano, qualquer americano, faça um intervalo entre a lembrança do debate e o almoço pra puxar pela memória a imagem de alguém dançando. Pra fechar o olho escutar bem escutadinho a música que embalava essa dança. Uma música da tua terra que diz assim: toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar. Isso, repete aí comigo. Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar. Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar. Pronto.

Já volto pros Estados Unidos. É que o certo, certo mesmo, seria gastar essa coluna pra comentar a descriminalização do porte, mas não do uso, as queimadas no Pantanal e a tentativa de golpe na Bolívia. Que semana. Eu sei, o certo é o certo. Só vou dizer uma coisa bem rapidinho antes. Tenho torcido tanto pra que o leitor e o brasileiro e o boliviano, qualquer brasileiro e qualquer boliviano, faça um intervalo entre a tentativa de entender o que tá acontecendo e o jantar pra celebrar os que em uma conversa incluem, assim como nada fosse, a palavra telúrica. Bla, bla bla, isso e aquilo “de forma telúrica”. Quem carrega um vocabulário desses merece a doçura do mundo todo. Pra botar a mão no próprio peito e celebrar bem celebradinho essa sensação morna que uma palavra produz dentro da gente. Isso, faz isso por você. Bota a mão no peito e espera até ficar morno. Espera só mais uns segundos. Pronto.

Olha, tem a França, o Macron, a Marine Le Pen, o Biden, a agonia dos democratas, a descriminalização do porte, mas não do uso, as queimadas no Pantanal e a tentativa de golpe na Bolívia. Tem tudo isso. Eu sei, tô ligada, tô vendo, mas sigo na torcida. O certo é o certo. Boa semana, queridos.

@robertadalbuquerque