Na autoestrada e na vida, um desvio de rota pode mudar o destino

Se perder no percurso pode mostrar caminhos inesperados e momentos inesquecíveis que jamais seriam planejados

Danielle Blaskievicz
curvas da vida

Curvas e voltas (Pixabay)

A vida parece uma autoestrada, você sai com um roteiro certo e horário previsto pra chegar ao destino, mas o caminho pode te confundir e, até mesmo, surpreender. São diversas opções de trajeto e, às vezes, o GPS mental está com delay. No dia a dia, não há Waze ou carta de tarô que possam dizer qual o melhor roteiro. O jeito é arriscar, no estilo erro e acerto.

As placas estão todas ali, só que ofuscando os olhos. São tantas opções que você começa a achar que escolher um caminho é como decidir um curso na faculdade: cada decisão parece selar o destino pra sempre e você só vai descobrir se foi a escolha certa quando já for tarde demais.

Um novo emprego, uma mudança de cidade, uma troca de relacionamento – tudo parece simples, rápido, uma linha reta entre o ponto A e o B, até você se ver preso em uma rotatória emocional, sem saber qual saída tomar.

No fundo, a vida é uma grande viagem cujo passaporte é a ousadia e as incertezas. Você traça o caminho, mas aí, na primeira bifurcação, aparecem as dúvidas. O painel com o trajeto não traz clareza sobre qual é a melhor rota e o jeito é decidir entre a esquerda, a direita – e não estou falando de política – ou apenas “seguir reto toda vida”, como dizem os manezinhos.

Decidir é quase uma questão de sobrevivência, entre caminhões apressados, placas com todos os destinos do mundo, buzinas estridentes e radares loucos pra flagrar um descuido de quem está ao volante.

Mas é aí que mora a beleza — e a diversão — da coisa. Se perder no percurso ou na vida pode ter suas vantagens. É na dúvida da próxima saída que você encontra a oportunidade de descobrir um caminho que nunca tinha imaginado. Talvez, na rota original, você nunca tivesse passado por aquele lugarzinho escondido com a melhor coxinha do mundo ou talvez nunca tivesse dado aquela volta inesperada que te levou a um pôr do sol inesquecível.

Muitas vezes, é no meio do caminho que as histórias realmente acontecem. É preciso recalcular a rota, reajustar o tempo da viagem e tomar alguns atalhos desconhecidos torcendo pra estar no caminho certo.

Saber aonde se quer chegar é necessário, mas ter flexibilidade pra adequar o trajeto é essencial. É necessário entender que a vida precisa ser “navegada” sem pressa e com um pouco de estratégia. Porém, sem se tornar escravo delas.

O segredo está em aproveitar as voltas erradas, rir dos erros de cálculo, e, principalmente, manter o bom humor quando perceber que está voltando pro mesmo lugar mais uma vez. Afinal, não é se perder que faz a gente perder tempo, é o medo de admitir que se perdeu. Que venham as bifurcações, as saídas erradas e as placas confusas. No final das contas da vida, o que conta não é o destino, mas a aventura de se perder pelo caminho.

*Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e já se perdeu na estrada e na vida