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Pressão (Foto: Freepik)

Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que estamos vivendo uma epidemia silenciosa: a do estresse. Num mundo que não desacelera – ao contrário, estimula a vida louca – a ansiedade e a depressão deram um salto de 25%. Viver se tornou uma corrida sem linha de chegada, um jogo de malabares onde cada tarefa é uma bola a ser equilibrada. E, nessas horas, eu me pergunto como não ser mais um número nessa estatística, tentando, como tantos outros, sobreviver ao peso de dar conta de tudo.

Boletos, compromissos, prazos, demandas. O dia começa turbinado e o café da manhã vira uma sessão de planejamento estratégico, entre goles apressados e mensagens atrasadas. Como eu queria que existisse um botão de “pausar vida” pra tomar o café com calma, quem sabe eu conseguiria respirar sem pressa.

No trabalho, aquela dança desengonçada entre o que deve ser feito, o que eu queria fazer e o que realmente acontece. Cada e-mail é um convite pra um espetáculo de acrobacias, equilibrando horários, expectativas e uma dose generosa de “não faço ideia do que tô fazendo, mas vamos lá”. A gente encara a profissional proativa, eficiente, agilizada e que sempre tem uma solução na cartola.

Dizem que um pouco de estresse é bom, tipo aquele tempero a mais que dá sabor à vida. Mas o problema é quando a panela ferve demais e a gente já não sabe se o alarme que tocou foi do celular, da mente ou do estômago que resolveu reclamar. Uma espécie de equilibrista sem rede, um corredor de maratona tentando chegar ao final calçando pantufas.

O medo de errar, de não dar conta e não conseguir equilibrar tantos pratinhos é uma constante. A OMS fala de uma crise global, mas na minha cabeça é pessoal, íntima, uma conversa dura entre eu e minhas inseguranças. As estatísticas falam em milhões que, como eu, têm medo de não dar conta. Na prática, porém, a maior batalha não é contra o mundo lá fora, mas contra a cobrança que a gente mesmo se impõe.

Ninguém dá conta de tudo o tempo todo. Na vida real, fora dos roteiros perfeitos, a gente tropeça, improvisa, ri das próprias mancadas e segue em frente. Porque, pra falar a verdade, dar conta é só uma dessas expressões meio tortas que a gente inventou pra tentar se encaixar. E se der, ótimo. Se não der, amanhã tem mais um dia pra tentar de novo, quem sabe com um pouco mais de leveza, menos cobrança e um café que não esfrie no meio do caminho.

*Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e tem dias que “larga os bets”.