FOTO1 Reprodução Instagram Fashion Revolution
No deserto do Atacama, localizado no Chile, por exemplo, há aproximadamente 15 anos, cerca de 300 hectares foram transformados em um lixão de resíduos têxteis (Reprodução Instagram Fashion Revolution)

A cada segundo, uma quantidade equivalente a um caminhão de lixo de têxteis — como roupas e calçados — acaba em aterros sanitários ou é incinerada. A indústria da moda é uma das mais poluentes do planeta, com seus processos pouco sustentáveis, uso irresponsável de recursos naturais, descartes irregulares, falta de clareza sobre as leis de responsabilidade de refugo dos restos têxteis.

No deserto do Atacama, localizado no Chile, por exemplo, há aproximadamente 15 anos, cerca de 300 hectares foram transformados em um lixão de resíduos têxteis, com peças de todos os tipos e materiais, em sua maioria de poliéster, material altamente poluente e resistente, que leva por volta de 200 anos para se decompor. Só para comparar, uma informação: o algodão, que é uma fibra natural, mas que recebe transformações químicas na indústria, demora de 5 meses a 20 anos. E nessa pilha de lixo não tem só refugo de confecções — esses somam entre 20% a 30% do total —, mas também peças com defeito ou inacabadas e até rolos inteiros de tecido. As roupas e os acessórios comprados por nós, depois de usados, também são, em sua maioria, descartados inadequadamente.

Mesmo assim, o setor da moda vai de vento em popa: produz cada vez mais e vende mais — os consumidores estão desembolsando anualmente cerca de US$ 460 bilhões por roupas e afins, segundo dados do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA).

E o que fazer diante disso? Mude você. Pense antes de comprar, conheça quem faz as suas roupas, vá atrás de informações sobre a marca, os materiais usados, como são os seus processos. Ou aproveite para mudar e passar a consumir de marcas que trabalham com upcycling, ou seja, que dão vida nova a peças descartadas. Brechó também pode ser uma boa ideia, desde que você não compre só por comprar, mas escolha roupas e acessórios com vida longa e materiais sustentáveis. Compre menos e melhor. Falando nisso, você sabia que menos de 1% do material têxtil é reciclado e transformado em novos itens?

O despertar em relação a modelos de consumo ético e a busca cada vez mais frequente por marcas, produtos ou serviços que disseminam esse conceito em suas práticas têm ultrapassado os limites da compra se tornando um estilo de vida. Mas é preciso ficar de olho e sacar o real comprometimento das marcas ditas éticas e responsáveis, sem cair nas táticas de distração e práticas como o greenwashing, que, numa tradução literal, significa lavagem verde e consiste na omissão ou camuflagem das reais informações sobre os impactos ambientais de determinada empresa. Quem disse que o papo de moda é fútil?