Foto1 Reprodução Instagram @schiaparelli
Quadris em evidência no vestido da coleção de alta costura da Schiaparelli (Reprodução Instagram @schiaparelli)

Vendo as imagens do desfile de alta costura da Schiaparelli, em Paris, pensei sobre qual seria a silhueta da vez. As vespas que ela colocou na passarela, de seios e quadris fartos e cintura fina, ou o corpo andrógino, muito magro, como da preferência de muitos estilistas? Indo além: seria possível ou justo falar em silhueta da moda, havendo corpos femininos tão diferentes? 

Na pluralidade e no particular, todos esses corpos são bonitos. Schiaparelli, por exemplo, marcou sua coleção com moulage (técnica de costura que modela as roupas no corpo) de primeira, ressaltando ícones femininos por meio de volumes, pregas e drapeados. Vez ou outra levava os volumes extras para os ombros, sempre acompanhados de decotes profundos. 

A Dior, por sua vez, preferiu roupas fluidas, que escorregam sobe corpos menos curvilíneos. 
Qual foi o mais bonito? Os dois? Cada um a sua forma? Nenhum dos dois? Qual o seu gosto? Qual combina mais com você? Inspirar-se em uma ou outra estética pode ser até divertido, mas forjar o corpo para tentar entrar num padrão apertado é cruel. Nunca é demais lembrar que a moda é quem precisa estar ao nosso serviço e não o contrário. O mundo fashion flutua ao sabor do mercado, inventa as tendências, mostra o que se quer vender. Cabe a nós dizermos o que queremos consumir. 

Falando nisso, Kylie Jenner apareceu no primeiro dia da semana de alta costura de Paris com um vestido justíssimo, sensualíssimo, com espartilho capaz de tirar o fôlego de quem usa e de quem vê. Bonito é, mas será que é conveniente esse sacrifício todo por causa da estética? Me respondam vocês. Eu voto nos corpos e nas almas livres.