A nossa Biblioteca Nacional conta com mais de 200 anos de história, fato memorável num país jovem como o Brasil, e é o órgão responsável pela captação, guarda, preservação e difusão da produção intelectual brasileira.

Com um acervo de quase nove milhões de itens, foi declarada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como uma das principais bibliotecas nacionais do mundo. Seu acervo tem crescimento constante em função da lei do depósito legal, registro e guarda da produção intelectual, além da defesa e preservação da língua e da cultura, e mantem um setor público que oferta empréstimo domiciliar de livros do acervo, wi-fi, local para estudos e promoção de eventos culturais envolvidos com leitura e livros.

Neste momento, uma de suas atividades é o auxílio para recuperar o que foi danificado pelas enchentes no Rio Grande do Sul, criando um canal de orientação para a recuperação de acervos danificados pelas enchentes no estado gaúcho.

Uma biblioteca pública sempre foi considerada a forma mais adequada de promover educação, tratando a todos como iguais e colocando os recursos de qualquer país ao alcance de todos, independentemente de faixa etária, nível social e econômico e capacidades individuais, um movimento autoeducativo, para atingir a perfeição inata do homem, uma possibilidade de cura para problemas sociais.

Por este motivo, serviços aos usuários oferecidos por bibliotecas foram iniciados já no século XIX, muito em função das transformações sociais ocorridas pela instalação das indústrias e consequente urbanização, acrescidas da necessidade de formar trabalhadores mais capacitados para este novo mundo do trabalho. Consideravam, portanto, que bibliotecas deveriam contribuir significativamente para o progresso, ordem social e a manutenção da democracia; e esta visão utilitária, principalmente na Inglaterra do final do séc. XIX, acarretou que a manutenção de bibliotecas públicas fosse feita através de impostos, pois teriam baixo custo de investimento e permitiriam ao povo acesso à boa literatura, mantendo «homens sem dinheiro entretidos em prazeres inocentes», embora nem todos acreditassem nesta utilidade.

Neste mesmo período, nas Américas as bibliotecas já iniciavam suas trajetórias como patrimônios das novas universidades que estavam sendo instaladas, e estavam já voltadas ao atendimento dos membros da comunidade acadêmica, ampliando o acesso à informação e contribuindo para a qualidade da educação que nelas se ministrava.

O “Movimento Humanista” foi inovador, e marca a biblioteca universitária, que cresce em acervo e qualidade, e pequenas ou grandes heranças aumentam o número dos livros disponíveis para leitura, auxiliando o crescimento do pensamento Iluminista, enfatizando a razão, pensamento, conhecimento, como essenciais à sociedade.

E como toda leitura é forma de aquisição da história e desenvolvimento humano, um ato social, a criança, ao realizar a leitura de textos literários conhece a estrutura social e os   valores comunitários. As bibliotecas infantis passam então a desempenhar um importante papel, e não apenas no conhecimento, mas também na recreação

O grande escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino Jorge Luis Borges orgulhava-se de ter sido por nove anos diretor da Biblioteca Nacional de seu país. Uma de suas frases mais emblemáticas “sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca” expressa bem o fascínio que as bibliotecas exerceram e exercem sobre tantos de nós.

Desde a incendiada Biblioteca de Alexandria, passando pela fictícia Biblioteca de Babel (do próprio Borges), aos modernos templos literários de todo o mundo, a  brasileira Biblioteca Nacional não faz feio, e essas instituições são parte importante do melhor que a civilização criou.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.