Os seres humanos parecem ser os únicos animais que possuem uma vida relativamente longa após seus períodos reprodutivos. Nas demais espécies não tem sido considerado interessante manter indivíduos velhos, dependentes do auxílio de outros e com pouca mobilidade num caso de fugir de predadores ou envolver-se em guerras contra rivais, atrapalhando os mais jovens e consumindo recursos ambientais, sempre escassos e reservados aos que podem defender o grupo.

No entanto, temos visto crescer a longevidade humana, certamente em função do crescimento de colheitas, maior higiene e educação da coletividade, que impacta positivamente a duração da velhice, pois mulheres tem atualmente quase a metade de seu tempo de vida após a menopausa, enquanto mesmo entre chimpanzés, mais próximos na escala evolutiva, fêmeas têm o tempo de vida em torno de 50 anos, quando termina o período reprodutivo.

Biólogos e outros pesquisadores consideram que o envelhecimento ocorre em todos os seres vivos, embora de formas totalmente desiguais, e pode ser que este não seja universal no reino animal, pois existem diversos tipos de senescência: envelhecimento rápido seguido de morte súbita, como ocorre em salmões e ratos marsupiais; o gradual, que acontece em animais que tem um tempo de vida mais ou menos definido, caso dos seres humanos, grande parte dos lagartos, das cobras e alguns outros animais.

Mas também existem animais que envelhecem de forma extremamente lenta, como crocodilos, tartarugas, salamandras, tubarões – que se tornam adultos com um século e meio de vida e podem chegar aos 400 anos de idade. Possivelmente o animal de idade mais avançada de conhecimento do humano seja um molusco da Islândia, pescado e alguns anos atrás com mais de quinhentos anos.

Assim, o processo de envelhecimento é inevitável após certa idade, embora seu mecanismo não seja ainda bem conhecido, a base fisiológica e função deste fenômeno tem sido estudada e muitas hipóteses aventadas a respeito dos mecanismos responsáveis pelo envelhecimento foram propostas.

Aparentemente, um dos motivos seria que mantendo adultos vivos mais tempo, estes poderiam se dedicar aos cuidados que a infância de sua espécie requer. Outra hipótese é que quanto mais velhos, mais é possível auxiliar descendentes nas técnicas de obtenção de alimentos; em humanos particularmente, longevidade de avós parece influir sobre o sucesso reprodutivo de seus filhos e sobrevivência de netos.

A diversidade de hipóteses relativas à função da longevidade humana sugere decorrer da dificuldade ou facilidade das mudanças das condições ambientais, produtividade dos solos, organização social.

Entretanto, é preciso considerar também o crescente etarismo, com idosos passando a ser vistos como inúteis e propensos a serem descartados socialmente, por não se encaixarem nos princípios de valorização da mudança constante, espontaneidade, mobilidade, estilo de vida.

O aumento da expectativa de vida provavelmente se deve à melhoria dos serviços de saúde, porém atividades sociais que reduzem a sensação de inutilidade são reconhecidas como saudáveis, e é indispensável combater a exclusão social do crescente número de idosos.

Inclusão é essencial para a eficácia de programas sociais devotados a melhorar a qualidade de vida, e por isso os cuidados familiares são significativos neste propósito. Em famílias de pouquíssimas posses, este sentimento amoroso de participação no crescimento de filhos e netos é essencial.

Havendo algumas posses, estimular no idoso a vontade de conviver não apenas num círculo muito restrito de pessoas, mas sim em agrupamentos de várias faixas etárias diferentes, de aprender mais, talvez até de voltar a estudar: informática, para manusear melhor um celular, gastronomia, noções de saúde, cuidados pessoais, aspectos culturais. Aprender mais é poderoso auxiliar de uma vida mais saudável e longa.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.