Novos ODS, Objetivos De Desenvolvimento Sustentável, estão sendo indicados, além dos 17 propostos pela ONU, e que tanto tem contribuído para que estudantes e trabalhadores tenham uma melhor compreensão das necessidades planetárias de crescimento econômico sem afetar o futuro das novas gerações.

Um desses novos é o ODS 18, “Promover a igualdade racial a partir do enfrentamento a todos os tipos de racismo”, é transversal aos demais, por conscientizar a população com relação ao segregacionismo, necessidade de combater o preconceito, a discriminação racial e ao racismo e na promoção da igualdade.

Para melhorar as estruturas sociais contemporâneas, educação, cultura e ciência devem colaborar para a construção de um mundo mais igualitário, com mais propostas de políticas públicas de ação afirmativa, pois o racismo sistêmico está disseminado nas relações e estruturas sociais,  constituindo um sistema de poder em que falsas hierarquias são criadas, com abuso dos preconceitos, visão de menor valia, de discriminação, em que pessoas não brancas, em especial pretas, indígenas e pardas, enfrentam obstáculos nas suas tentativas de acesso à educação, saúde, trabalho, e boas condições de vida.

Sem erradicar a discriminação racial e sem políticas de efetiva proteção para pessoas em situação de vulnerabilidade social, sem políticas que promovam a resiliência nos desastres naturais e eventos extremos relacionados ao clima, desastres econômicos, pandêmicos, sociais, ambientais e sem ampliar as vozes de todos os cidadãos, nunca teremos garantia de direitos iguais.

Hoje as instituições de ensino se preocupam em saber como o ensino pode auxiliar na superação do racismo, tanto na educação pública, mais acessível à população mais vulnerável, quanto na privada.

Priorizar a necessidade de investimento governamental em educação pública, alinhado às políticas de redistribuição, é essencial para o combate ao racismo; a melhoria das instituições públicas, desde o ensino fundamental até o ensino superior, é essencial para equiparar a qualidade de ensino e estruturas entre escolas públicas e privadas.

Nas escolas privadas, ampliar a implementação de cotas raciais e sociais para o ingresso em instituições de ensino médio, técnico, faculdades e universidades; aumentar as possibilidades de manutenção dos estudantes nos vários cursos (acolhimento, bolsas, moradia, permanência, estímulo à iniciação científica), evitando evasão e destruição dos conhecimentos e das tradições comunitárias.

Também é importante promover reflexão crítica no âmbito universitário, com mais pesquisas e estudos científicos para a promoção do desenvolvimento sustentável, principalmente por meio da extensão universitária, a qual promove o avanço do conhecimento sobre a sociedade externa, promovendo mudanças reais na vida de pessoas fora do ambiente universitário. Práticas extensionistas podem gerar propostas que apoiem a formação de redes de apoio locais para pessoas em situação de vulnerabilidade social, podem resolver problemas pontuais ou mesmo generalizados, auxiliando escolas a se inserirem na comunidade e a resolver algumas das dificuldades nela presentes.

A igualdade justa entre pessoas começa pela igualdade de oportunidades, para a qual é indispensável a universalização do ensino de qualidade desde os primeiros anos escolares, e principalmente nestes; é pura futilidade falar em “critérios meritocráticos” em um país onde o mérito está associado umbilicalmente a condições de partida: boa alimentação, higiene domiciliar, segurança, e até mesmo ao ambiente cultural familiar. Os programas de complementação de renda constituem caminho na direção de corrigir injustiças sociais, mas são apenas o começo de um processo longo.  

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.