A imprensa, modernizada e ainda extremamente relevante, desde sua origem tem representado e ocupado lugar de destaque na vida das comunidades, pois sociedades letradas necessitam estar informadas de tudo que ocorre e influencia suas vidas, nos aspectos econômicos, jurídicos ou de natureza social que possam interferir no seu dia-a-dia,  sejam realizados por governos ou partidos políticos, organizações religiosas ou outras.

Desde o século XV, a comunicação humana passou a ter periodicidade, velocidade e quantidade com as publicações periódicas, e a imprensa que antes interessava apenas a pequenos grupos de intelectuais passou a despertar interesse dos demais cidadãos, não apenas como registro de fatos, mas também em novas criações, bens culturais e avanços tecnológicos.

A imprensa costumava, salvo raras exceções, ser matinal, o que criou a imagem do cidadão letrado, culto, bem-sucedido, abastecido de alimento para a mente, pois ao iniciar seu dia já estava ciente dos fatos regionais ou nacionais que poderiam interferir em sua vida.

A imprensa, pública ou privada, governamental ou de oposição, tem se manifestado como direito público, pois dados são essenciais para  informação histórica – vemos em filmes que “mocinhos” recorrem a ela até para desvendar crimes, para entender certos períodos de tempo, ou comportamentos. Analisando jornais, revistas, boletins, entende-se melhor atuações de partidos, sindicatos, igrejas, e outras entidades, já que estas mídias – hoje acrescidas das digitais – são fontes de estudos, compreensão da realidade presente e passada, mesmo quando consideramos que seus discursos não são neutros, pois sempre atendem a algum interesse.

Na área acadêmica é impossível negar a fascinação que exerce sobre professores e pesquisadores, constituem-se como fonte documental, cultural e patrimonial pois facilitam o trabalho de identificação e catalogação dos discursos predominantes de cada época, oferecendo um vasto material para obtenção de conhecimento.

Rui Barbosa afirmava que “A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa por perto e ao longe, enxerga o que lhe mal fazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que sonegam ou roubam, percebe onde lhe alvejam ou nodoam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça”. Escreveu também muito sobre a necessidade de uma imprensa livre, principalmente sobre os riscos de que essa nos faltasse, e lamentava que “a publicidade se avariou, e em vez de ser os olhos por onde se lhe exerce a visão, ou o cristal que a clareia, é a obscuridade, onde se perde”.

Comentava o suborno com que governos aliciam jornais, lembrava a responsabilidade de fiscalização da comunidade, e defendeu o “dever de informar sem omissões”, pois estes deveriam “servir a comunidade não aos governantes” e propunha que “a um povo livre não se deve ocultar coisa alguma do que tão intimamente o interessa”.

No entanto, um dos detalhes em que temos sido omissos, é que periódicos foram escritos ou até publicados por mulheres no Brasil desde o século XIX, pelo desejo de conquistarem direitos: à educação, profissão e também ao voto. Poucas pediram também o direito ao divórcio, reivindicação mais tardia. O primeiro jornal fundado por uma mulher foi o Jornal das Senhoras, de Juana Paula Manso de Noronha, entre 1852 e 1854, que foi o primeiro latino-americano especificamente voltado ao público feminino. Hoje temos também aqueles voltados ao público infantil, os dedicados a informar imigrantes, a propagar técnicas de pinturas, bordados e outras artes manuais, ou seja, uma vasta gama de informações para todos os interesses, embora a maior parte deles seja apenas digital.

Poucas atividades humanas, como imprensa e a escola, expandem seu raio de ação para atingir um público cada vez maior, levando cultura a todos, aumentando a curiosidade e a vontade de saber mais, projetando um futuro melhor para toda a comunidade.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.