Curitiba conta com serviço inédito para tratamento de paralisia facial

Ceres Battistelli

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Um serviço inédito no sul do Brasil passou a oferecer a possibilidade de diagnóstico e recuperação mais eficaz para pacientes com paralisia facial que, por não conseguirem movimentar os músculos da face, desenvolvem uma deformidade evidente entre os dois lados do rosto, afetando permanentemente a fisionomia destas pessoas.

A paralisia ocorre por lesões no nervo facial, que é o responsável por comandar a musculatura do rosto, conferindo os movimentos e expressões.

O diferencial do serviço – oferecido pelo Eco Medical Center, em Curitiba – é fornecer um atendimento completo ao paciente, desde o diagnóstico de uma paralisia simples, até de uma cirurgia reparadora e fisioterapia em um paciente mais grave.

“A expressão facial é uma das formas mais importantes do ser humano comunicar seus sentimentos, interagir com as pessoas e principalmente, demonstrar suas características pessoais, que o identificam e o tornam único”, explica a neurologista que atua diretamente na avaliação e no tratamento de sequelas permanentes, Dra. Maria Tereza de Moraes.

Quando o nervo é afetado, surge uma fraqueza aguda da metade do rosto e o olho do paciente não fecha direito, a boca fica fraca e se desvia para o lado oposto, a pessoa tem dificuldades para sorrir, dificuldades para comer (não consegue vedar os lábios adequadamente), há risco de lesões de córnea (pois o olho pode permanecer semiaberto durante a noite), e há o desconforto gerado pela assimetria.

PRINCIPAIS CAUSAS

As causas para paralisia facial periféricas ainda não foram identificadas, mas em sua maioria, podem estar relacionadas a infecção por bactérias (Doença de Lyme) ou vírus que atingem o nervo facial; tais como o vírus do herpes simples (labial e genital), do herpes zoster (varicela/catapora), o Epstein-Barr (mononucleose), tumores e traumas, entre outros.

“As paralisias faciais se iniciam de forma aguda, e a causa mais frequente é a Paralisia de Bell: um inchaço do nervo facial, que fica “apertado” dentro do canal ósseo por onde ele trafega, no crânio, cuja causa é desconhecida. Essa questão clínica é muito frequente. No entanto, a paralisia de Bell geralmente se reverte, e o paciente fica com nenhuma ou uma mínima sequela”, explica Dra. Maria Tereza.

CASOS CIRÚRGICOS DE PARALISIA

O cirurgião especializado em nervos periféricos, Dr. Thomas Marcolini, conta que em muitos casos apenas cirurgia pode devolver os movimentos.

“Os casos mais comuns de paralisia facial que necessitam de cirurgia são os que ocorrem devido a um tumor cerebral, ou devido a algum tipo de acidente ou sequela após cirurgia”, afirma. Ele explica que os nervos periféricos são os que já saíram do crânio, podendo causar perda de sensibilidade, formigamentos, dor ou perda de força.

Outras causas de paralisia facial podem deixar sequelas permanentes, como as neurocirurgias – especialmente após a retirada de tumores como o Neurinoma do Acústico, ou tumores de glândula parótida; o nervo passa por dentro desta glândula na face, e podem ocorrer traumatismos e acidentes onde o nervo é cortado ou lesionado.

“Quando [o paciente] chega ao nosso serviço, [ele] já saiu da fase aguda, ou seja, já foi diagnosticado com paralisia facial e a causa já foi elucidada e tratada, mas o paciente permaneceu com sequela. Assim, ele é avaliado pela equipe multidisciplinar (neurologista e fisioterapeuta facial), passa pela aplicação de toxina botulínica e, na sequência, inicia a fisioterapia apropriada para aproveitar a janela terapêutica e ganhar função. Ou seja, aí sim ele irá melhorar funcionalmente e esteticamente de sua sequela permanente”, explica a Dra. Maria Tereza.

Caso de Sucesso

O aposentado Vilson Floriano Scussel viajou de Tubarão, Santa Catarina, para realizar uma cirurgia em Curitiba, após consultar com seis especialistas que o desacreditaram em reverter o seu quadro de sequelas ocasionadas pela retirada de um tumor cerebral. “Tinha dificuldades para piscar, para me alimentar, para tomar café, entre outras interferências. Descobri que o Dr. Thomas e vim de Tubarão, Santa Catarina, para a cirurgia de reversão. Hoje, estou muito bem, graças a Deus, e fazendo fisioterapia há dois anos. Vivo cada dia mais feliz com o resultado”, completa.

Estudo mostra reconstrução estética após remoção de câncer de pele

O bem-estar psicológico dos pacientes que passam por uma cirurgia para remoção de câncer de pele no rosto é diretamente afetado pelo resultado final da cicatriz cirúrgica, conforme aponta o estudo “Importance of physical appearance in patients with skin cancer”.

A reconstrução é necessária em 90% dos casos de carcinomas basocelulares e espinocelulares, tipos mais comuns de câncer de pele, tratados com a cirurgia micrográfica de Mohs. Essa técnica é indicada principalmente para lesões que atingem a face e a qualidade da sutura realizada vai definir o resultado estético do procedimento, que pode ou não deixar cicatriz aparente.

Para o cirurgião de Mohs, Dr. Felipe Cerci, é necessário ter atenção aos mínimos detalhes na hora da reconstrução. “O resultado afeta diretamente a qualidade de vida, saúde psicológica e o bem-estar do paciente e não estamos pensando apenas em questões estéticas, mas também na funcionalidade de regiões como a pálpebra, orelhas e lábios”, ressalta.

Para o especialista, o cuidado com o resultado da cicatriz ainda deve ser levado a sério. “Claro que o principal ponto é a cura do câncer de pele, mas também devemos nos preocupar em não deixar a pessoa com uma deformidade que tem um grande impacto na vida. Reconstruir a ferida de forma que restaure a anatomia mais próxima ao natural, deixando os cortes poucos visíveis, é essencial”.

De todos os casos, apenas 10% não precisam passar pelo processo de reconstrução, e nessas situações ocorre a cicatrização espontânea da ferida, ou seja, sem a necessidade de pontos. Cerci explica que isso é possível para tumores de pele considerados pequenos: “São feridas muito superficiais, em áreas côncavas como no canto dos olhos – próximo ao nariz. Nessas situações podemos esperar a cicatrização apenas com o uso de curativos”.

LANÇAMENTO DE LIVRO

Com o objetivo de auxiliar os colegas cirurgiões no momento de fechar a lesão de uma cirurgia de Mohs, os Drs. Felipe Cerci (Brasil) e Stanislav N. Tolkachjov (EUA) lançam o livro inédito em todo o mundo “Reconstrução Facial Combinada Após Cirurgia de Mohs”.

Segundo o autor Tolkachjov o livro foi feito em formato de Atlas. “Falamos de reconstrução complexa e combinada. Os textos estão dispostos em forma de tabela, temos o passo a passo, prós e contras de cada uma das técnicas de reconstrução e muitas fotos intraoperatórias, com os pontos e etapas chaves da reconstrução, para facilitar o entendimento do leitor”.

São consideradas reconstruções complexas e combinadas aquelas que foram realizadas com mais de uma técnica para chegar ao melhor resultado estético e funcional para o paciente.

Cerci, também autor, conta que a ideia surgiu devido a um encontro em congresso. “Foram anos de produção com muita cautela na seleção dos casos e de imagens e resultou no livro dividido em unidades anatômicas, como orelha, lábios, nariz, bochecha e pálpebra, por exemplo. Foi um grande trabalho que com certeza valeu a pena e vai auxiliar na criatividade dos colegas cirurgiões que muitas vezes precisam ser criativos na combinação de técnicas na hora de fechar uma ferida”.

O livro é composto por 61 capítulos subdivididos por unidades da face, sendo sete grupos de unidades anatômicas e mais de 80 casos cirúrgicos. Dois dos capítulos tiveram a colaboração de colegas cirurgiões.

A obra está disponível na Amazon, para vários países do mundo.