Elzinha ou biscoito fino, pode chamar como quiser. O fato é que a personagem maluquinha da novela “Ciranda de Pedra”, da Globo, rouba a cena na trama. Seja usando e abusando da expressão “biscoito fino” (gíria dos anos 50, época em que o folhetim se desenrola) ou tentando arrumar um marido rico para tirar o pé da lama. E a garota mostra ao telespectador o lado cômico de Leandra Leal, pouco explorado na dramaturgia. Nesta entrevista por e-mail, a atriz fala de Elzinha e de uma curiosidade: ela está na TV com uma história de época e no cinema como uma super contemporânea, o filme “Nome Próprio”, que mostra a trajetória de uma blogueira.

Elzinha rouba a cena na novela das seis. A personagem que está no ar é a mesma da sinopse ou foi ganhando espaço?

LEANDRA LEAL – O texto da Elzinha é fenomenal, bem escrito. Ela é uma personagem solar, uma pessoa de bom coração. Apesar de ser ambiciosa, não é capaz de prejudicar ninguém. Pelo contrário, está sempre cuidando das pessoas que gosta, procurando ajudar alguém. Como novela, é uma obra aberta, as coisas vão acontecendo. Imagino que nem o autor tenha a história fechada.

Ela é pura ficção?

LEANDRA LEAL – Ela foi construída com o texto e com ajuda da caracterização e do figurino. Eu vi filmes da Marilyn (Monroe), me inspirei nos gestos, no jeito de se portar e na posição dos pés dela. De início foi assim, mas chega um momento em que a personagem fala por si. É quando você a domina e dá para brincar Isso é o mais gostoso de fazer novela.

Garotas que querem se dar bem na vida à moda Elzinha ainda existem?

LEANDRA LEAL – Ainda existem, guardadas as proporções. Hoje em dia outras coisas são consideradas, não só o dinheiro, mas também o status ou a fama, por exemplo. Elzinhas existem. A época muda, mas elas estão aí.

Você está na TV com “Ciranda de Pedra” e no cinema com “Nome Próprio”.

LEANDRA LEAL – Ser ao mesmo tempo personagem de época e contemporâneo é curioso. É um filme feminino, sobre uma jovem que está em um período importante de transição, de amadurecimento. Camila é uma artista angustiada, apaixonada por escrever e vive essa paixão diariamente. Vive para isso e transforma a vida dela nisso. Tem um modo intenso de levar a vida, leva as coisas até o fim. Tudo é urgente, o que a deixa complexa demais. As mulheres jovens vão se identificar muito. Eu a construí lendo a literatura que ela cita como inspiração, a personagem é uma escritora. Li os livros da Clara (Averbuck, autora de dois livros que inspiraram o longa), além de ouvir rock, que ela escuta muito. Foi um filme em que fiquei muito tempo sozinha com o diretor (Murilo Salles) e a equipe, não tinha muito ator.

Existem semelhanças entre sua personagem de época e sua personagem contemporânea?

LEANDRA LEAL – Elas são diferentes. Uma é solar e a outra é noturna. Elzinha não descobriu uma vocação, busca ganhar dinheiro para sobreviver. Camila é escritora, apaixonada pelo que faz. O único ponto em comum é que são mulheres à frente do seu tempo.